MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA

MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA

 

HISTÓRIA

A fundação do Mosteiro de Santa Clara de Coimbra, em finais do século XIII, insere-se num contexto religioso renovado pelos ideais de São Francisco de Assis e de Santa Clara, fundadores das Ordens Franciscanas.

O apelo da forma de vida proposta por Santa Clara levou Dona Mor Dias a fundar uma casa de Clarissas perto do convento franciscano, na margem esquerda do rio Mondego. Em13 de abril de 1283, obteve licença para construir um mosteiro dedicado a Santa Clara e a Santa Isabel da Hungria, mas o património com que dotou o convento foi disputado pelos cónegos do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, originando um longo conflito que culminou na extinção do mosteiro de Dona Mor em 1311. A Rainha D. Isabel de Aragão, contudo, empenhou-se na sua refundação, que data de 1314. A partir de então, a rainha afetará muito do seu tempo e do seu património ao engrandecimento do mosteiro, cuja reedificação ficará a cargo de Domingos Domingues (mestre do Claustro do Silêncio de Alcobaça) e, posteriormente, de Estêvão Domingues, a quem coube a conclusão da igreja e a construção dos claustros, abastecidos pelo cano de água vindo da Quinta do Pombal (atual Quinta das Lágrimas). Foi edificado um templo de aparência românica com grossos paramentos e contrafortes, com cabeceira mais baixa, cuja abside e absidíolos apresentam interiormente a forma poligonal, caraterística do gótico. Invulgar à época é o facto de ter as três naves de altura análoga e abobadadas em pedra (em vez da cobertura em madeira, usual nas Ordens mendicantes), e ainda por não dispor de transepto, o que permite o maior alongamento do claustro. Este destaca-se no panorama nacional pela sua grandiosidade, sendo o maior do estilo gótico.

Junto ao mosteiro, a Rainha construiu um hospital para pobres, com cemitério e capela e um paço, onde mais tarde viverão D. Pedro e D. Inês de Castro, e local de execução desta em 1355.

Tendo a igreja sido sagrada em 1330, logo no ano seguinte uma cheia do rio Mondego prenunciava uma tumultuosa convivência com as águas, que foi determinando, ao longos dos séculos, a adaptação do edifício a esta intrusão cíclica.  A solução adotada foi o alteamento sucessivo do piso térreo, mas, no início do século XVII, as freiras viram-se forçadas a construir um andar superior ao longo do templo e a desocupar o inferior o que sucedeu igualmente nas outras dependências monásticas. No entanto, as condições de habitabilidade tornaram-se insustentáveis e obrigaram a comunidade a erguer um novo edifício no vizinho Monte da Esperança – o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

Abandonado definitivamente em 1677, o antigo mosteiro passou a ser conhecido por Santa Clara-a-Velha.

INTERVENÇÕES CONTEMPORÂNEAS

Após o abandono pela comunidade religiosa, mosteiro e cerca deram lugar a uma exploração agrícola, sendo a parte superior do templo transformada em habitação, palheiro e currais.

Classificado como Monumento Nacional em 1910 e sujeito a grandes obras de restauro pelo Estado português a partir da década de 1930, o mosteiro manteve-se, no entanto, à mercê das águas do rio.

O abandono do espaço e a imersão nos sedimentos, que apenas deixava visível a parte superior da igreja, criaram a imagem de uma ruína romântica, que se manteve até aos anos 90 do século XX.

Entre 1995 e 2000, no âmbito da valorização do monumento, uma vasta campanha arqueológica, condicionada por uma constante bombagem das águas, pôs a descoberto a parte inferior da igreja e o claustro, permitindo recolher uma enorme quantidade de espólio diverso, testemunho material do passado conventual.

Decidida a manutenção a seco do perímetro escavado (1997), foi construída uma cortina de contenção periférica das águas, primeiro passo para a reabilitação do sítio ao permitir a fruição do espaço em condições ambientais normais. Ficou ainda incluída uma importante área de reserva arqueológica (segundo claustro e dependências anexas, dormitório e refeitório). O projeto de valorização do antigo mosteiro, lançado em 2004, integrou a conceção de um edifício destinado a albergar o centro interpretativo do sítio.

CENTRO INTERPRETATIVO

O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha oferece uma área de desfrute público, que engloba a visita à ruína, através de amplo espaço ao ar livre, e ao Centro Interpretativo. Neste espaço de arquitetura contemporânea, concluído em 2008, procede-se à conservação, estudo e apresentação do espólio arqueológico resultante das escavações.

Assume-se igualmente como polo cultural aberto à cidade e às manifestações artísticas.

A história do monumento perpassa em diversos registos.

No âmbito da requalificação do monumento foram efetuadas escavações arqueológicas que permitiram recuperar um enorme e diversificado espólio, que é o esteio da exposição Freiras e Donas de Santa Clara: arqueologia da clausura.

Os objetos reunidos permitiram constatar que a elite social recolhida entre os muros mandados levantar pela Rainha se rodeava de peças requintadas, apesar de se tratar de uma comunidade cuja vida se deveria pautar pela humildade e abnegação. É parte deste espólio – raras porcelanas e faianças, vidros de fino recorte e manufatura, rosários, anéis, brincos e outros objetos de uso pessoal – que materializa os grandes temas da exposição: função, devoção, vivências e morte.

HORÁRIO

Terça-feira a domingo das 10h00 às 18h00 (última entrada 30 minutos antes do encerramento).

Encerrado: Segundas-feiras; 1 de janeiro; Domingo de Páscoa; 1 de maio; 4 de julho (feriado municipal) e 25 de dezembro.

SERVIÇOS

Visitas guiadas (mediante marcação prévia); Auditório; Loja.

CONTACTOS

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Rua das Parreiras, 3040-266 Coimbra

santaclaravelha@patrimoniocultural.gov,pt

(+351) 239 801 160 (chamada para rede fixa nacional)

Skip to content