ITINERÁRIOS CERTIFICADOS EM PORTUGAL
Atualmente, o programa Itinerários Culturais do Conselho da Europa conta com 48 itinerários certificados por todo o continente.
Estas rotas europeias abrangem temáticas diversas, desde a arquitetura e paisagem às expressões religiosas e eventos históricos determinantes para a memória da Europa, da gastronomia e do património imaterial às grandes figuras da arte, da música, da literatura e da história europeias.
Através de um vasto conjunto de atividade culturais e educativas dirigidas a todos os cidadãos, o programa protege, valoriza e dá a conhecer o património europeu.
Em Portugal estão certificados 20 Itinerários Culturais do Conselho da Europa. Venha descobri-los!
Caminhos de Peregrinação a Santiago de Compostela

Os Caminhos de Santiago estão ligados à lenda ancestral que afirma que os restos mortais de São Tiago, um dos discípulos de Cristo, foram transportados de barco de Jerusalém para o noroeste da Espanha. Aqui o santo terá sido enterrado no lugar que atualmente é a cidade de Santiago de Compostela.
No século IX, a descoberta do túmulo do Apóstolo desencadeou um movimento devocional sem precedentes, originando uma circulação constante de peregrinos em direção à Galiza para visitar a tumba do santo e rezar junto dela.
A partir de então, os caminhos de romagem que levam os peregrinos de todas as partes da Europa a Compostela tornaram-se importantes rotas de peregrinação cristã, perdurando desde a época medieval até à atualidade.
Esta manifestação de sacralidade e devoção originou um amplo legado patrimonial ao longo destes caminhos, que tem sido alicerçado ao longo de quase mil anos. Igrejas, albergues, pontes ou hospitais, construídos em diferentes épocas para apoiar física e espiritualmente os peregrinos, assim como a escultura devocional, a pintura e a azulejaria constituem o património material do Caminho. A par deste germinou o património imaterial na forma de mitos, lendas e tradições, além do património literário, cinematográfico e gastronómico.
Todos os anos, centenas de milhares de peregrinos dirigem-se a Compostela a pé, percorrendo os vários trajetos do Caminho de Santiago tal como o fizeram os devotos do Apóstolo desde a época medieval. Esta rota milenar continua a proporcionar uma intensa experiência humana, criando um sentimento de fraternidade entre os viajantes e uma forte ligação ao caminho percorrido.
O Saint James Way é o Itinerário Cultural do Conselho da Europa que reúne os caminhos de peregrinação a Santiago de Compostela. Esta rota foi a primeira a ser reconhecida como itinerário cultural pelo Conselho da Europa em 1987, sendo a mística do Caminho que está na base da criação do programa europeu dos itinerários culturais.
Em Portugal, o itinerário dos Caminhos de Peregrinação para Santiago de Compostela é oficialmente representado pela Federação Portuguesa do Caminho de Santiago, de que são associados cerca de 40 municípios onde passam os itinerários certificados do Caminho de Santiago em Portugal. Ao longo do ano, a Federação realiza inúmeras atividades de promoção e divulgação do Caminho em Portugal, colaborando ativamente com a Xunta da Galicia.
Itinerário certificado em 1987.
Rota do Legado Andaluz

No século VIII, uma parte do território da Península Ibérica cristã foi conquistada pelas tropas do Califado Omíada, que aí instalaram um emirado – conhecido a partir de então como al-Andalus. Esta área territorial, que foi a única região da Europa conquistada pelos árabes durante a chamada Idade do Ouro Islâmica, foi o berço de uma florescente civilização muçulmana que perdurou cerca de sete séculos.
Ao longo desse período, o al-Andalus deu origem a uma sociedade próspera, onde a cultura, as artes, as ciências, o pensamento político, a economia, tiveram uma evolução até então sem precedentes, construindo uma sociedade onde coexistiram diferentes religiões e comunidades.
Como legado, esta civilização medieval muçulmana deixou um impressionante património arquitetónico, urbanístico, artístico, literário, científico e linguístico, que em muito contribuiu para a evolução da arquitetura, da poesia, da língua ou das ciências ocidentais e ainda hoje encontra ecos na cultura e na sociedade europeias.
A Rota do Legado Andaluz une nove itinerários do al-Andalus na Península Ibérica, fazendo reviver a literatura, a arte, a ciência, as artes gráficas, a gastronomia, as festas e as tradições deste importante legado civilizacional da Península Ibérica, do Mediterrâneo e da Europa.
Portugal acolhe o itinerário de al-Mutamid, que se estende entre Lisboa e Sevilha, ligando-se depois a Granada, a mítica sede do califado. Através desta rota, o viajante pode descobrir o Portugal muçulmano, desde Vila Real de Santo António a Silves e Sagres, passando por Tavira, Paderne, Loulé e Lagos, subindo depois a Aljezur ou a Mértola, e seguindo por fim para Beja, Alcácer do Sal e Lisboa. Em todos estes locais poderá visitar espaços museológicos e sítios arqueológicos dedicados a este florescente e singular período da história nacional ou percorrer os espaços urbanos e reconhecer os vestígios arquitetónicos que subsistiram da herança muçulmana deixada na cultura portuguesa.
Itinerário certificado em 1997.
Rota Europeia do Património Judaico

A herança judaica está presente em toda a Europa e faz parte da cultura, da história e da tradição dos países europeus, resultando de vários séculos de vivência do povo judeu no vasto território que se estende desde Mediterrâneo ao Norte e ao Cáucaso. Até ao presente, o continente mantém exemplos materiais notáveis desta herança, que foi fundamental para a identidade europeia atual.
A Rota Europeia do Património Judaico é o Itinerário Cultural do Conselho da Europa que integra os diversos itinerários do património judaico em território europeu, contemplando rotas nacionais e temáticas de 21 países.
Esta rota é constituída por uma rede de percursos através do património judaico que subsiste, como os bairros judeus com as suas antigas sinagogas e os espaços de banhos rituais, os cemitérios históricos e os sítios arqueológicos, os monumentos e a memória da presença das comunidades que perdura na toponímia. Por intermédio da memória imaterial, o itinerário oferece também uma série de experiências através das lendas, da literatura e da cultura judaica.
Em cada país, o itinerário é formado por museus especializados dedicados ao estudo da vida judaica, centros de interpretação, arquivos e bibliotecas que disponibilizam aos viajantes informação e ofertas culturais diversas. Ao mesmo tempo, a rota organiza regularmente nos diferentes países por onde se estende eventos relacionados com a história e a cultura judaicas.
Assim, através da compreensão e valorização de artefactos religiosos e quotidianos, este percurso promove o reconhecimento do papel essencial desempenhado pelo povo judeu na história europeia, convidando o viajante a mergulhar na história judaica através das fronteiras.
Em Portugal, a Rota Europeia do Património Judaico é representada oficialmente pela Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, associação que tem por objetivo a defesa do “património urbanístico, arquitetónico, ambiental, histórico e cultural, relacionado com a herança judaica”, valorizando o contributo dos judeus para a história, a cultura, a ciência e o desenvolvimento de Portugal desde os finais da época romana.
A Rede de Judiarias é composta por 37 municípios que, de norte a sul do país, dão a conhecer o património judaico português através da preservação das marcas judaicas que subsistem na arquitetura tradicional, de visitas temáticas e roteiros locais, dos vários museus dedicados à história e à cultura dos judeus portugueses. Ao mesmo tempo, a Rede dinamiza encontros culturais, jornadas de património, e uma vasta produção de conhecimento sobre a herança judaica em Portugal.
Itinerário certificado em 2004.
Rota da Oliveira

A presença da oliveira marcou não só a paisagem, mas também a vida quotidiana dos povos do Mediterrâneo, já que esta arvore ancestral e sagrada está associada aos ritos e costumes mediterrânicos desde tempos imemoriais. A cultura da oliveira tem marcado toda a região mediterrânea ao longo de milhares de anos, espalhando-se desde a Grécia ao Norte de África, da Península Ibérica ao Médio Oriente.
A relação entre esta árvore e a civilização humana produziu um património cultural vivo e imensamente rico, incorporado nos hábitos quotidianos dos povos mediterrânicos. Desde a gastronomia, com a influência crucial do azeite, até à arte e às tradições, o desenvolvimento social destas zonas foi largamente moldado pela oliveira.
A Rota da Oliveira preserva e dinamiza a vivência civilizacional intimamente relacionada com esta árvore e os seus produtos, a cultura agrícola que lhe está associada, e as tradições que envolvem toda a produção da azeitona e do azeite, sejam estas culturais, artísticas, literárias ou antropológicas.
Através de visitas guiadas, turismo gastronómico, festivais e feiras, estudos académicos, programas de Erasmus, escavações arqueológicas, colóquios e cursos, a Rota da Oliveira promove o estudo e a divulgação da cultura e da história da oliveira e do seu impacto na Europa contemporânea.
Itinerário certificado em 2005.
Rota dos Sítios Cluniacenses

A Abadia de Cluny, a sede da ordem beneditina com o mesmo nome fundada no início do século X, que se situa na região francesa da Borgonha, foi um dos mais importantes centros religiosos, artísticos, culturais e políticos da Europa medieval. O complexo abacial francês é considerado o maior edifício religioso construído no território europeu durante a Idade Média, sendo então apelido como “Segunda Roma”.
Cluny foi o epicentro de uma grande reforma monástica que se tornou exemplar nos séculos seguintes, quer para a Ordem Beneditina quer para outras ordens religiosas. Os monges cluniacenses iniciaram um movimento de estrita observância da Regra de São Bento, ao mesmo tempo que desenvolveram atividades monásticas exemplares, como o ensino a crianças, a criação de bibliotecas, o desenvolvimento do scriptorium para a transcrição de livros antes do aparecimento da imprensa, a renovação do calendário litúrgico, o incremento da atividade agrícola como fonte de rendimento das comunidades religiosas, ou a utilização da arquitetura, da arte e da música para acentuar a solenidade e a beleza dos ritos católicos.
Ao longo da época medieval, os monges de Cluny estabeleceram diversas comunidades em diferentes territórios, fundando várias casas religiosas na Europa ocidental. A sua influência manteve-se até ao século XVIII e, do vasto património cluniacense, subsistem hoje os vestígios de mais de 1800 sítios, incluindo mosteiros, colégios, castelos, aldeias, cidades, vinhas e moinhos.
A Rota Europeia dos Sítios Cluniacenses congrega o património material e imaterial que foi criado ao longo dos séculos por toda a Europa, e que subsiste até ao presente, refletindo a influência espiritual, arquitetónica, social, histórica, económica, artística, literária, musical da Abadia de Cluny na civilização e na sociedade europeia. No centro deste itinerário do Conselho da Europa que se espalha da Alemanha a Portugal, integrando Inglaterra, Áustria, Polónia, Suíça, Bélgica, Itália, Espanha, está França e a estrutura remanescente da Abadia de Cluny, a Jerusalém celeste na terra.
Em vários pontos da rota os viajantes podem visitar igrejas, mosteiros, castelos, aglomerados urbanos medievais, e descobrir objetos da vida quotidiana dos monges cluniacenses, manuscritos e iluminuras, partituras musicais, mobiliário e obras de arte, ao mesmo tempo que podem contemplar as paisagens agrícolas e vitivinícolas originalmente criadas pelo trabalho dos monges ou a herança gastronómica e vinícola que estes deixaram nas comunidades.
Em Portugal, este itinerário é representado pelo Núcleo Museológico da Igreja de São Pedro de Rates (CM Póvoa de Varzim), um dos mais importantes edifícios do românico português, sendo este o vestígio arquitetónico que subsiste daquele que foi o mais relevante mosteiro beneditino da época da fundação da nacionalidade. Este espaço dinamiza a divulgação da história do antigo mosteiro e estuda a importância da herança de Cluny na história e na cultura portuguesas, mostrando aos visitantes a arte, os vestígios arqueológicos e as lendas ligadas ao antigo mosteiro.
Itinerário certificado em 2005.
TRANSROMANICA – Itinerários do Românico do património europeu

O estilo românico surgiu na Europa no final do século X, como uma nova forma de arte que teve manifestações na arquitetura, na escultura e na pintura mural. O Românico é considerado o primeiro estilo artístico europeu, já que a arquitetura e as artes plásticas deste período apresentam uma transversalidade comum aos reinos europeus de então, não obstante as suas singularidades regionais. Esta foi uma forma de criação artística longa no tempo, perdurando mesmo até ao século XV em algumas regiões hispânicas.
Desse período marcante da arte europeia subsiste um legado artístico excecional representado por catedrais, mosteiros, igrejas, castelos, memoriais e túmulos, pintura mural e escultura devocional, que até ao presente testemunham esta importante época da história e da cultura europeias.
A TRANSROMANICA é o Itinerário Cultural do Conselho da Europa que reúne as rotas do património românico de nove países europeus: Alemanha, Áustria, Portugal, Espanha, França, Itália, Eslováquia, Sérvia e Roménia. Este itinerário tem o objetivo de promover a arte e a arquitetura românica europeia, bem como de desenvolver o turismo de forma a apoiar o desenvolvimento regional e económico sustentável.
Em Portugal, a TRANSROMANICA é representada pela Rota do Românico, um itinerário que se estende pelos vales do Sousa, Douro e Tâmega e “convida a uma viagem inspiradora a lugares com História, amadurecida em terra forjada de verde, repleta de saberes e sabores”, integrando 58 monumentos e dois centros de interpretação, distribuídos por 12 municípios: Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Resende.
Além do Centro de Interpretação do Românico, em Lousada, onde o visitante pode conhecer a arte, a história e a cultura do período medieval, a Rota do Românico divulga a arte românica do norte de Portugal através de programas turísticos, itinerários creditados, apps com roteiros virtuais e serviços educativos direcionados tanto para os diferentes níveis de escolaridade como para as famílias, dinamizando ainda um importante centro de estudos universitários e o projeto Cuidadores do Património.
Itinerário certificado em 2007.
ITER VITIS – Caminhos da Vinha

Desde a domesticação da videira, há mais de oito mil anos, que a evolução e propagação da vinha é considerada uma das grandes conquistas humanas. Ao longo de séculos, as vinhas delinearam as paisagens da Europa, moldando não apenas o território, mas também a cultura dos seus habitantes.
A vida rural ligada à produção do vinho, o mundo dos lagares e das adegas, as técnicas ancestrais utilizadas na vitivinicultura, ou as tradições orais e literárias relacionadas com a vinha, a vindima e o vinho que persistem na memória coletiva, fazem parte de um legado cultural europeu que importa preservar para o futuro.
O ITER VITIS é o Itinerário Cultural do Conselho da Europa que congrega as rotas europeias do vinho, dando a conhecer a cultura da vinha, as paisagens vitivinícolas e a vinificação como uma importante componente da cultura alimentar europeia e mediterrânica. Atualmente, o itinerário reúne percursos em 24 países da Europa e do Médio Oriente.
Esta rota mostra a vinha e o vinho muito além do simples consumo da bebida, convidando-nos a experienciar os vinhedos, contactar com as gentes que produzem vinho, fazer parte das tradições da vinha. Assim, através dos percursos deste itinerário, o viajante pode passear numa vinha para ver de que modo a natureza se alia ao trabalho humano para criar paisagens espetaculares, conhecer mais sobre o universo do vinho conversando com um pequeno produtor, visitar um sítio arqueológico onde o vinho foi produzido há mil anos, ou fazer uma visita guiada onde aprenda mais sobre as videiras, a vinha e o vinho.
Em Portugal, o itinerário dos Caminhos da Vinha é oficialmente representado pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), que tem mais de 100 municípios associados e é parceira da Rota dos Vinhos de Portugal e da Ametur. Anualmente, a AMPV promove projetos como a Rede de Museus Portugueses do Vinho, a eleição anual da Cidade do Vinho, a Rede de Freguesias Vinhateiras, o Dia do Enoturismo ou o programa Viagens de Baco.
Itinerário certificado em 2009.
Rota Europeia dos Cemitérios

Ao longo da história, os cemitérios têm sido uma parte essencial da civilização ocidental. Estes espaços sagrados e emocionais foram, durante séculos, testemunhas temporais da história local das cidades e vilas, refletindo a sua identidade cultural, religiosa e artística.
Através das suas esculturas, das estruturas edificadas ou dos espaços que reproduzem o planeamento urbano do seu tempo, os cemitérios são parte do nosso património material, ao passo que integram o nosso património imaterial, refletindo os hábitos e as práticas antropológicas relacionadas com a morte. De facto, estes espaços sagrados oferecem cenários únicos para entendermos uma parte das nossas memórias históricas. Ao serem recordações de períodos da história local das comunidades, são lugares culturais que devem ser preservados e transmitidos às gerações futuras.
Tendo por missão a preservação deste património cultural vasto e rico, a Rota Europeia dos Cemitérios propõe-se descobrir os símbolos, a história, a arte e a arquitetura destes espaços de memória, reconhecendo a sua perspetiva europeia e os valores partilhados para além das fronteiras e das regiões culturais.
Por toda a Europa, este itinerário apresenta os cemitérios como lugares de conhecimento e partilha, articulando-se com comunidades locais, escolas, instituições culturais e profissionais de turismo para desenvolver visitas guiadas, exposições, eventos musicais e teatrais. Neste âmbito, foi criada a Semana da Descoberta dos Cemitérios Europeu, uma iniciativa que visa divulgar e promover estes verdadeiros museus ao ar livre.
Em Portugal a Rota Europeia dos Cemitérios é representada pelo Cemitério de Agramonte (Porto), Cemitério do Alto de São João (Lisboa), Cemitério da Lapa (Porto), Cemitério do Prado do Repouso (Porto) e Cemitério dos Prazeres (Lisboa).
Itinerário certificado em 2010.
Caminhos da Arte Rupestre Pré-Histórica

A arte rupestre pré-histórica é considerada a primeira grande expressão artística, cultural social e simbólica da humanidade. Surgiu há 42.000 anos e, em algumas regiões da Europa, perdurou até ao início da Idade do Ferro. É uma arte repleta de simbolismo, aliada às crenças ancestrais e cheia de referências à natureza. Inicialmente, consistiu num tipo de arte naturalista, evoluindo depois para manifestações esquemática e abstratas que produziram formas que não se repetiriam até ao início do século XX.
Caminhos da Arte Rupestre Pré-Histórica designa o Itinerário Cultural do Conselho da Europa que promove as rotas de arte rupestre em oito países: Finlândia, Noruega, França, Itália, Espanha, Portugal, Geórgia e Azerbaijão.
Esta arte ancestral consiste em manifestações figurativas, formas esquemáticas e formas abstratas compostas por desenhos, pinturas ou gravuras feitos nas paredes de cavernas, abrigos em pedra e afloramentos rochosos a céu aberto, e também em algumas construções megalíticas.
Atualmente, existem na Europa mais de 200 sítios de arte rupestre visitáveis. Entre os pequenos sítios com uma manifestação artística rupestre e os grandes sítios arqueológicos, são já vários os museus e centros interpretativos que permitem que os visitantes contactem com a arte dos seus antepassados europeus, quer através de visitas guiadas quer através da visualização de fac-símiles de cavernas e abrigos rochosos, que facilitam a exposição sem comprometer os locais originais.
Em Portugal, o Itinerário Caminhos da Arte Rupestre Pré-Histórica é oficialmente representado pela Fundação Côa Parque e pelo Museu de Arte Pré-Histórica do Mação. Em cada um destes museus, além dos espaços expositivos e educativos direcionados à divulgação da arte rupestre, são desenvolvidas atividades dirigidas ao público, nomeadamente visitas guiadas aos sítios arqueológicos onde os visitantes podem ver os núcleos mais importantes de arte rupestre em território português.
Itinerário certificado em 2010.
Itinerário Europeu das Cidades Termais Históricas

O termalismo – um método natural de tratamento que recorre a águas de fontes termais – tem sido uma prática terapêutica utilizada desde a Antiguidade. As cidades termais históricas da Europa estabeleceram-se e foram-se desenvolvendo desde a época romana, existindo ainda sítios arqueológicos impressionantes que integram os banhos públicos romanos. A prática do termalismo não se perdeu na Idade Média e no Renascimento, conhecendo-se vários monarcas europeus que praticaram o termalismo para curar os males do corpo.
As mais famosas cidades termais europeias atingiram o auge da sua fama durante os séculos XVIII e XIX. Com o desenvolvimento da ciência e da medicina, o termalismo começou a ser uma prática recomendada nos cuidados de saúde a que se associou uma vasta gama de aparelhos e tratamentos especificamente desenvolvidos para as termas. Também a evolução dos transportes, nomeadamente a invenção dos caminhos de ferro, tornaram as cidades termais acessíveis.
Com o desenvolvimento dos complexos termais, que se tornaram espaços cada vez mais estruturados onde as pessoas iam a banhos e realizavam diversos tratamentos com as águas, nasceram os hotéis das termas, que aliaram a arquitetura de ponta ao requinte do design e do arts and crafts, e espaços de lazer como casinos, teatros, promenades, jardins e quiosques, no intuito de oferecer aos utentes uma vida cultural e recreativa paralela aos tratamentos médicos.
Este conjunto de fatores, aliados ao interesse das elites que viajavam para as termas fazendo delas centros socioculturais, transformaram as cidades termais nos primeiros polos do turismo moderno e deram origem a uma cultura termal, material e imaterial, que é considerada um património europeu único.
O Itinerário Europeu das Cidades Termais reúne algumas das mais importantes estâncias termais urbanas da Europa, ligando cidades como Bath, Baden-Baden, Budapeste, Karlovy Vary, Spa, Ourense, Vichy ou Viterbo, conhecidas pelo termalismo de excelência que continuam a oferecer a pacientes e viajantes. A rota é constituída por 50 cidades e vilas termais, espalhadas por 17 países europeus, reunindo estâncias termais com personalidades urbanas únicas, diferentes estilos de arquitetura e distintas tradições termais, construídas em torno do banho ou da bebida das águas termais.
Em Portugal, este itinerário é representado pelas cidades termais de São Pedro do Sul, cujas termas de fundação romana ficaram, na época medieval, intimamente ligadas ao patrocínio de D. Afonso Henriques, que nelas se banhou e curou, e de Caldas da Rainha, que integra o hospital termal mais antigo do mundo em funcionamento, fundado pela rainha D. Leonor em 1485. Ambos os complexos termais as termas oferecem ao viajante um passeio pela história da arte, da arquitetura e da medicina portuguesas, ao mesmo tempo que continuam a disponibilizar tratamentos com águas minerais para tratar diversas patologias.
Itinerário certificado em 2010.
Rota da Cultura Megalítica

As construções megalíticas são a arquitetura autóctone mais antiga que encontramos no espaço europeu. Os megálitos – que são, literalmente, “pedras grandes” – foram utilizados pelas comunidades pré-históricas para edificar monumentos, santuários e locais de enterro. Conhecer e compreender este património é essencial para descobrir as nossas origens.
A Europa possui um vasto património megalítico, que pode ser explorado através da Rota da Cultura Megalítica, composta por vários itinerários que se estendem atualmente por 11 países. O seu objetivo é destacar a extraordinária importância da cultura megalítica para a história europeia, promovendo o estudo, a proteção e a redescoberta dos seus monumentos.
Composta por inúmeros sítios arqueológicos, polos museológicos e centros interpretativos que estão integrados em parques naturais e geoparques, esta rota oferece aos visitantes a possibilidade de conhecer alguns dos monumentos mais antigos da Europa. Para descobrir este património, os viajantes podem participar em visitas guiada ou atividades de caminhada e de ciclismo que permitem explorar não só os monumentos megalíticos, mas também as paisagens circundante.
A Rota da Cultura Megalítica trabalha também em estreita colaboração com universidades, centros de investigação e municípios, acompanhando escavações arqueológicas e promovendo a investigação e a valorização dos monumentos megalíticos.
Em Portugal, este itinerário é oficialmente representado pela Associação de Estudos do Alto Tejo, cujos objetivos são a defesa, a conservação e a valorização do património cultural e natural da Beira Baixa e do Alto Alentejo, nomeadamente dos monumentos megalíticos dos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. A AEAT promove, entre atividades de estudo e divulgação, diversas conferências temáticas, visitas guiadas, publicações, campos arqueológicos e a celebração do Dia Europeu da Cultura Megalítica em Portugal.
Itinerário certificado em 2015.
Rede Arte Nova

A Art Nouveau, ou Arte Nova, foi um fenómeno cultural que surgiu na Europa no final do século XIX. Impulsionado por um conjunto de ideais estéticos que se inspiraram essencialmente em formas orgânicas, com linhas acentuadamente curvas, delicados desenhos de flores e de insetos ou imagens de mulheres em complemento ornamental, este movimento artístico explorou as possibilidades oferecidas pelas (então) novas tecnologias e matérias industriais, com especial enfoque nos detalhes e na minúcia das formas. O resultado foi uma simbiose harmoniosa entre o ideal do belo na arte e o trabalho manual, resultando em criações artísticas que conciliam design, arquitetura e artes plásticas.
Em cada país, esta arte elegante e curvilínea apresentou especificidades locais, conhecendo nomes distintos conforme o país onde ocorreu – Art Nouveau em França e na Bélgica, Jugendstil na Alemanha, Modern Style em Inglaterra, Sezessionsstil na Áustria, Style Sapin na Suíça, Nieuwe Kunst na Holanda, Stile Liberty em Itália, Modernismo em Espanha, Arte Nova em Portugal.
O Réseau Art Nouveau Network é o Itinerário Cultural do Conselho da Europa que reúne as cidades europeias que albergam testemunhos deste extraordinário fenómenos da arte. Esta rota distribui-se por 15 países europeus: Bélgica, França, Espanha, Áustria, Suíça, Alemanha, Itália, Portugal, Noruega, Eslovénia, Ucrânia, Roménia, Hungria, Letónia e Sérvia.
Esta rota tem como objetivo valorizar e dar a conhecer o património Art Noveau existente em mais de 20 cidades europeias, oferecendo inúmeras atividades, exposições e materiais que visam divulgar o legado material deste estilo artístico, explicando a importância da Arte Nova na história contemporânea da Europa e a sua relação com a natureza, a sociedade, a ecologia e a inovação técnica. Assim, o itinerário contribui para que o legado da Arte Nova na Europa seja explorado, compreendido, preservado e apreciado.
Em Portugal, o itinerário da Rede Arte Nova é oficialmente representado pelo Museu Arte Nova de Aveiro, que “é o centro interpretativo da extensa rede de motivos Arte Nova disseminados por toda a cidade de Aveiro”. Anualmente, o museu leva a cabo várias atividades de divulgação da Arte Nova em Portugal com a realização de visitas guiadas, workshops, oficinas e ateliers, exposições temporárias.
Itinerário certificado em 2014.
Rota do Imperador Carlos V

Carlos V foi o grande soberano pan-europeu do século XVI, tendo sido simultaneamente Imperador do Sacro Império Romano Germânico e rei de Espanha. Com estes título, o monarca reuniu sob o seu domínio extensos territórios da Europa Ocidental, Central e Meridional e as colónias espanholas nas Américas e na Ásia.
Enquanto governante, Carlos V mudou a história europeia, marcando a política e a geografia do continente, e incentivando a modernização da sociedade, da cultura e da arte europeias. Este monarca é também reconhecido pelas viagens que fez no continente europeu, nas quais visitou muitos dos seus domínios. Estes itinerários imperiais são hoje reconhecidos como um símbolo de unidade para diferentes regiões e nações na Europa, América e Ásia.
As Rotas Europeias do Imperador Carlos V reconstituem as viagens realizadas pelo soberano, incluindo atualmente mais de 80 cidades e locais históricos ao longo dos itinerários percorridos pelo monarca entre 1517 e 1557.
Através destas rotas, o viajante pode descobrir a herança de Carlos V nos numerosos locais históricos e manifestações culturais que mantêm viva a sua memória em monumentos, espaços museológicos, reconstituições históricas, festivais e mercados tradicionais, desfiles e festas locais que comemoram a figura do imperador. O interesse do itinerário não se limita à história e à arte, mas inclui também o ambiente, a paisagem tradicional e a arquitetura.
Em Portugal, as Rotas Europeias do Imperador Carlos V têm o Itinerário da Imperatriz Isabel, que reconstitui a viagem feita em 1526 pela Infanta D. Isabel de Portugal por ocasião do seu casamento com o Imperador. D. Isabel, filha do rei D. Manuel I, foi considerada a “mulher mais bela do seu tempo” e o seu casamento com o primo Carlos V foi uma aliança muito desejada pelas coroas portuguesa e castelhana.
Casando com o imperador, por procuração, no final do ano de 1525, D. Isabel partiu dos Paços de Almeirim acompanhada por uma comitiva numerosa e em aparatoso cortejo, em direção a Elvas, realizando paragens em Vendas Novas, Évora e Estremoz. O ritual de entrega da infanta portuguesa aconteceria na fronteira do Caia, de onde seguiu para Sevilha, onde foi realizada a boda imperial.
Itinerário certificado em 2015.
Destination Napoleon – Rotas Históricas das Linhas de Torres

Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi um líder político notável que influenciou a sociedade e a cultura europeia durante mais de uma década enquanto governou a França, sendo reconhecido como um dos mais importantes governantes da história mundial.
O período napoleónico alterou o decurso da história europeia e legou à maioria dos países europeus um património excecionalmente valioso e relevante. Enquanto estadista e chefe militar, Napoleão transformou o urbanismo e a arquitetura das cidades europeias, influenciou a arte e a cultura dos artistas que lhe foram contemporâneos, renovou a religiosidade, a política, a geoestratégia da Europa e mudou definitivamente o modo de viver dos europeus, com uma influência forte e determinante que se mantém viva.
A influência da era napoleónica no património cultural da Europa contemporânea inclui sítios, edifícios, monumentos, mobiliário, obras de arte e literatura, peças musicais e teatrais, heranças legislativas, bem como um vasto património imaterial ligado ao mito napoleónico.
O itinerário Destination Napoleon reúne as cidades, vilas e regiões que, por toda a Europa, são testemunho desta herança de Napoleão Bonaparte. É constituído pela Federação Europeia das Cidades Napoleónicas (FECN), cuja intenção primordial é promover o conhecimento da influência e do impacto de Napoleão nas comunidades, ajudando a compreender de que forma o passado da Europa pode ajudar a interpretar o seu presente e a construir o seu futuro.
A FECN conta com membros de mais de 50 cidades e regiões da Europa, sendo representada em Portugal pela Rota Histórica das Linhas de Torres e pela cidade de Almeida.
As Linhas Defensivas de Lisboa, consagradas como Linhas de Torres Vedras, constituem um recurso insubstituível para narrar a história europeia, favorecendo uma interpretação enriquecedora de um passado comum.
A gravitar em torno do património integrante das Linhas de Torres Vedras, a Rota Histórica apresenta um itinerário turístico-cultural de carácter temático, sendo constituída por um conjunto de seis percursos de visita que se estendem entre o oceano Atlântico e o rio Tejo e atravessam o território de seis concelhos (Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira).
Situada na proximidade de Lisboa, a Rota Histórica das Linhas de Torres integra um património militar de referência para a História da Europa. Os sítios e equipamentos que a constituem estão disponíveis ao visitante e contam a história da construção de um dos sistemas de defesa mais eficazes do mundo, já que foi frente às Linhas de Torres que Napoleão e o seu (até então) invencível exército conheceram a primeira derrota, em 1810.
Este importante itinerário histórico-cultural tem contribuído para garantir a preservação e salvaguarda, a conservação e reabilitação, a valorização e divulgação do património militar português erigido durante o período napoleónico, que é único na Europa e é, atualmente, palco de uma oferta cultural, turística e pedagógica integrada e diferenciada, alicerçada na complementaridade entre recursos e produtos.
Itinerário certificado em 2015.
Rota Europeia do Património Industrial

O património industrial é um dos legados históricos, sociais e patrimoniais mais importantes da Europa contemporânea. Este vasto conjunto patrimonial material e imaterial atravessa os últimos 300 anos da história europeia e documenta a transformação das sociedades ocidentais à sombra das chaminés das fábricas.
O advento da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, trouxe a transformação industrial e tecnológica da Europa, povoando o continente de fábricas, dos mais pequenos espaços mecanizados aos grandes complexos fabris. Com estes nasceram novos meios de transporte, como os comboios e os barcos a vapor, conjuntos habitacionais fabris que incluíam bairros operários, escolas e espaços de assistência médica aos operários, novos conceitos de arte, arquitetura e design que deram origem a movimentos artísticos como a Art Noveau, o Modernismo ou a Bauhaus, e até novos movimentos sociais que trouxeram, por exemplo, o desenvolvimento do sindicalismo.
A Rota Europeia do Património Industrial congrega o património deixado pela indústria da Europa e conta a história da industrialização do continente, preservando os seus legados cultural, social, artístico e económico.
Este itinerário é formado por mais de 2 000 antigas fábricas, espaços museológicos e centros de interpretação, que se espalham por 28 países, convidando os viajantes a explorar os marcos da história industrial europeia. Dividida em 16 percursos temáticos, que representam diferentes ramos da indústria, a rota oferece aos visitantes um testemunho das descobertas científicas, inovações tecnológicas e histórias de vida dos trabalhadores, mostrando também uma interessante perspetiva de determinados modos de fabricar que ainda perduram. Mais de 100 pontos industriais de ancoragem, cada um deles com um programa turístico, constituem a espinha dorsal da Rota Europeia do Património Industrial, incluindo visitas guiadas, apresentações multimédia e eventos extraordinários.
Grandes eventos, como o “ExtraSchicht – A Noite do Património Industrial”, na Alemanha, ou a “Industriada”, na Polónia, atraem centenas de milhares de visitantes. Os monumentos industriais mais pequenos também encontram o seu público com 20 percursos regionais que ilustram o impacto geográfico e social das unidades industriais locais.
Em Portugal, esta rota europeia é representada pelo Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, e pelo Turismo Industrial de São João da Madeira, que levam o visitante a descobrir os percursos do património industrial português, ou através de visitas a espaços que estão intimamente ligados à história da indústria portuguesa, tais como museus, centros criativos e fábricas ainda em atividade, ou através da dinamização da aprendizagem com a organização de conferências, colóquios, aulas abertas, ou através de festivais e eventos nos espaços industriais.
Itinerário certificado em 2019
Rota Europeia dos Jardins Históricos

Os jardins históricos moldaram a cultura e a identidade europeias ao longo dos tempos, tendo estado desde sempre associados a lugares de grande significado histórico, político, social e cultural, como propriedades reais, mosteiros, conventos, sedes arcebispais, palácios urbanos e casas nobres rurais, retiros campestres e espaços de lazer na cidade.
A arte dos jardins foi transmitida por toda a Europa ao longo de séculos, contribuindo não apenas para modelar a paisagem mas também para inspirar gerações de artistas e servir de cenário a grandes acontecimentos sociais, permitindo ainda o desenvolvimento gradual de profissões ligadas ao saber-fazer paisagístico, à arquitetura, à engenharia e à jardinagem.
Desde o início da jardinagem na Europa, os jardins históricos têm transmitido uma mensagem de unidade que ultrapassa fronteiras políticas, linguísticas e climáticas. Em diferentes momentos da história, a cultura dos jardins estabeleceu-se de forma transversal, traduzida nas plantas, nas formas de parterres e nos hábitos de cultivo, que são hoje a prova viva de uma cultura europeia comum.
A Rota Europeia dos Jardins Históricos reúne vários destes espaços verdes que partilham estéticas, plantas, modos de cultivo e estruturas hidráulicas similares, formando assim uma identidade cultural que permite aos europeus identificá-los como um dos legados mais importantes da história europeia. Os jardins históricos são também uma forma de preservar o conhecimento botânico centenário que foi transmitido através de numerosos livros e enciclopédias ainda utilizados como referência para os jardineiros e paisagistas atuais.
Este itinerário, que atravessa 10 países, reúne num conjunto de percursos vários jardins, parques e paisagens, urbanas e rurais, de diferentes dimensões e cronologias, que correspondem à definição de “Jardim Histórico” estabelecida na Carta de Florença de 1981, adotada pelo ICOMOS em 1982.
Através das paisagens e da flora, os visitantes que percorrem a Rota Europeia dos Jardins Históricos podem experimentar diferentes expressões da criatividade humana, entendendo a importância de preservar a identidade europeia comum e a diversidade cultural da Europa. Através das visitas aos jardins históricos, os viajantes usufruem de uma experiência multifacetada que ajuda a sensibilizar a sociedade para a importância do ambiente natural, não só na nossa vida quotidiana, mas também para as gerações futuras.
Em Portugal, este itinerário é representado pela Associação Portuguesa dos Jardins Históricos, que organiza diversas atividades para dar a conhecer a rota nacional. Além das visitas guiadas, conferências, cursos, eventos culturais, a APJH disponibiliza online um inventário pormenorizado dos jardins históricos portugueses de norte a sul do país, incluindo também as regiões autónomas, que serve de guia para os viajantes.
Itinerário certificado em 2020
Rota dos Cafés Históricos

O ritual social de reunião em torno de uma mesa para beber um café tem raízes ancestrais na Europa. A bebida forte, aromática e quente foi trazida de África e começou a disseminar-se no continente europeu sobretudo a partir do século XVI. No entanto, o aumento do seu consumo em terras europeias levou à fundação, no início do século XVIII, do primeiro estabelecimento que servia a bebida já preparada aos clientes, ao mesmo tempo que oferecia um ponto de encontro sociocultural e que recebeu o mesmo nome da bebida – o Café.
A partir de então, os cafés espalharam-se pela Europa, tornando-se importantes centros de intercâmbio social, literário, artístico ou político. Eram o ponto de encontro das comunidades, e foram acompanhando a história europeia com todas as suas transformações, cisões e avanços ao longo dos últimos trezentos anos. Muitos destes cafés históricos persistem na paisagem urbana europeia, refletindo nos seus espaços a arquitetura, a arte e o design da época em que foram construídos e preservando nas suas paredes as histórias de personalidades proeminentes do mundo político, literário e artístico.
O Historic Cafés Route é o Itinerário Cultural do Conselho da Europa que reúne um importante grupo de 73 cafés históricos ainda em funcionamento no espaço urbano europeu. Este itinerário, disseminado por 15 países, permite ao viajante fazer uma viagem pelo continente através dos seus cafés mais antigos, explorando um rico património material, com uma abundância de estilos arquitetónicos que vão do neobarroco à art nouveau, à art déco e ao modernismo, ao mesmo tempo que vivencia a memória coletiva da história europeia, contactando com o património literário, musical, artístico e político associado a estes espaços. Nestes cafés históricos podemos, sobretudo, participar nas tradições e práticas do ritual imemorial de beber o café, desde a sua preparação até ao momento de o servir, e saborear produtos associados, como bolos e pastelaria locais.
Em Portugal, este itinerário é representado oficialmente pela Rota dos Cafés com História de Portugal, que reúne 40 emblemáticos cafés históricos portugueses, espalhados pelo continente e pelas ilhas. Esta associação promove a divulgação destes espaços através de encontros e publicações.
Itinerário certificado em 2022.
Rota das Mulheres Escritoras

A Rota das Mulheres Escritoras revela a vida e a criatividade das mulheres escritoras europeias entre os finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX, documentando uma época em que as mulheres começaram a entrar na vida cultural, artística e social e as suas vozes já não podiam ser ignoradas.
Este itinerário liga pontos simbólicos e físicos das vidas destas mulheres e leva os visitantes a uma viagem emocionante através de espaços reais e imaginários, enquanto os permite descobrir as suas histórias de vida, a criatividade literária, a diversidade linguística e a sua luta social pela igualdade e pelos direitos humanos. Através de diferentes atividades, a rota reforça a visibilidade das mulheres escritoras, realçando a sua importância e reputação na cultura europeia.
Estabelecendo um equilíbrio entre o património material e imaterial, o itinerário integra museus, memoriais e salas de leitura, monumentos e espaços públicos em seis países diferentes e combina-os com atividades que colocam o património cultural, literário e linguístico num novo contexto.
O seu objetivo é promover uma atitude participativa em relação ao património literário e social deixado pelas mulheres escritoras da Europa, tentando sensibilizar e moldar uma nova compreensão da sua importância, ao mesmo tempo que procura garantir a sua conservação para as gerações futuras e aumentar o número de locais de memória dedicados a escritoras esquecidas ou negligenciadas.
A Rota das Mulheres Escritoras convida os visitantes a seguir os passos de escritoras da Bulgária, Croácia, Montenegro, Polónia, Sérvia, Eslovénia e Portugal, reunindo museus, espaços memoriais dedicados a mulheres escritoras, dinamizando oficinas e produções para crianças, visitas guiadas e eventos para o público em geral, palestras personalizadas para idosos, intercâmbios de estudantes, etc.
Itinerário certificado em 2022.
Rota da Transumância

A transumância desempenhou um papel essencial na formação da cultura europeia. Esta prática milenar de pastorícia deu origem a um extenso e rico património, que durante milhares de anos ajudou a moldar uma paisagem cultural de pastagens e prados cultivados pelo homem, em harmonia com a natureza.
As rotas de transumância da Europa formam uma rede secular de percursos transfronteiriços, que se interligam entre si e promovem laços culturais entre comunidades que partilham uma história e uma tradição, atravessando o continente e estendendo-se até regiões mais distantes, como o Norte de África, o Médio Oriente ou a América Latina.
Esta prática pastoral europeia deixou um legado material, composto não apenas pelos utensílios da pastorícia, mas também por edifícios votivos, como santuários, templos e capelas construídos originalmente em homenagem aos deuses antigos e depois transformados para celebrar os santos cristãos, que atualmente ainda recebem manifestações de fé ligadas à transumância.
O seu legado imaterial integra as crenças, os símbolos religiosos e as narrativas dos pastores e das comunidades, que durante séculos inspiraram a arte, a poesia e a música, bem como a gastronomia, centrada na produção do leite, e o artesanato de lã, pele, osso ou chifre, elementos intrinsecamente ligados ao desenvolvimento do modo de vida pastoril.
A Rota da Transumância integra nove países europeus, oferecendo ao viajante a possibilidade de percorrer os trilhos que os pastores e os rebanhos europeus percorrem desde tempos imemoriais, pontuados por um vasto conjunto de sítios arqueológicos, pequenas aldeias serranas e vastas paisagens.
Em Portugal, este itinerário é representado pelo Geopark Naturtejo, que integra a Grande Rota da Transumância, o conhecido percurso sazonal que o gado fazia na zona da Serra da Estrela, nomeadamente as chamadas Campanhas da Idanha. A rota dinamiza percursos pelo itinerário ancestral utilizado pelos pastores, caminhadas com rebanhos, festivais, colóquios, conferências, ao mesmo tempo que mantém uma estreita ligação com as comunidades raianas, fomentando a preservação das tradições dos grupos herdeiros dos antigos pastores da Serra.
Itinerário certificado em 2023
Rota das Farmácias Históricas e Jardins Medicinais

As farmácias históricas e os jardins medicinais são espaços emblemáticos da Europa, preservando a tradição da Farmácia desde os tempos medievais. Herdada das culturas antigas do Mediterrâneo e do Médio Oriente, a farmacopeia perpassou séculos da história científica, social e cultural da Europa, persistindo ainda nas práticas contemporâneas da ciência farmacêutica. Por todo o território europeu podem encontrar-se, desde o século XV, farmácias históricas e jardins medicinais em mosteiros e conventos, nos hospitais e espaços de assistência de irmandades, ou nas antigas boticas dos cascos históricos de cidades e vilas.
As farmácias históricas, as antigas boticas que tantas vezes preservam ainda coleções de frascos antigos, livros de receitas e instrumentos médicos e estão incorporadas em belíssimos espaços desenhados e construídos propositadamente para a investigação, são um reflexo da evolução da ciência farmacêutica. Intimamente ligados a estas, os jardins medicinais eram locais onde os herboristas cultivavam e estudavam plantas com propriedades curativas, constituindo hoje tesouros da biodiversidade que continuam a preservar conhecimentos ancestrais.
A Rota Europeia das Farmácias e Jardins Medicinais Históricos reúne muitos destes locais que desempenharam um papel relevante na história do conhecimento médico, permitindo reconstruir o decurso do desenvolvimento da medicina botânica e farmacêutica. O seu objetivo é preservar a matéria medica – conceito que engloba o património e a memória associados à tradição da farmacopeia – da Europa, presente em locais emblemáticos como a Spezieria de Santa Maria della Scala de Roma, o Museu da Farmácia de Lisboa e Porto, o Museu da Farmácia Hispânica de Madrid, a Biblioteca Histórica da Farmácia Suíça em Berna, ou os museus da Farmácia de Sarajevo, na Bósnia, e Cluj-Napocao, na Roménia.
O itinerário destaca um património cultural excecional, combinando património imóvel como os espaços de antigas farmácias religiosas e seculares e os jardins botânicos utilizados para a prática farmacêutica, património móvel associado às farmácias, como o mobiliário, os artefactos e instrumentos, os livros e as máquinas, e também o património imaterial, que se traduz no conhecimento passado de geração em geração para a produção de medicamentos. A tudo isto associa-se ainda o património natural, nomeadamente toda a variedade de plantas e especiarias utilizadas para a produção das fórmulas.
Os percursos, que atravessam 11 países ao longo da Europa, oferecem uma viagem entre ambientes religiosos e seculares, que permite aos visitantes descobrir a história da Farmácia na Europa através de visitas a jardins medicinais e museus que reconstituem, muitas vezes com o mobiliário e os instrumentos originais, espaços antigos de boticas e farmácias, ao mesmo tempo que oferece experiências imersivas que exploram os conhecimentos médico-farmacológicos e as práticas tradicionais relacionadas com as plantas medicinais.
Em Portugal, este itinerário é representado pelo Museu da Farmácia, que coordena atualmente os espaços expositivos de Lisboa e do Porto, onde o visitante pode conhecer uma coleção museográfica que reconstitui a história da Farmácia, em Portugal e no mundo. Outro dos seus representantes é o Laboratório HERCULES, que colabora na investigação sobre a herança botânica da farmacologia portuguesa, nomeadamente os pigmentos, plantas, drogas e especiarias que compunham as fórmulas das boticas e farmácias antigas.