Especialista do Laboratório de Arqueociências – LARC integra projeto internacional sobre gruta de “Lunel Viel”

Especialista do Laboratório de Arqueociências – LARC integra projeto internacional sobre gruta de “Lunel Viel”

Marina Igreja, do Laboratório de Arqueociências (LARC) do PC, IP encontra-se a colaborar no projeto de investigação internacional da gruta de “Lunel Viel”, em Herault, França), desenvolvido pelo Laboratoire Méditerranéen de Préhistoire Europe Afrique, LAMPEA – UMR 7269, sob a direção científica de Jean-Philip Brugal, do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).

A gruta de “Lunel Viel” representa um sítio importante na Europa Ocidental, que data do final do Pleistoceno Médio, e fornece faunas ‘arcaicas’ e indústrias líticas (Paleolítico Médio-Inferior), associadas a estruturas de habitat únicas para o período. Ao longo dos anos, o sítio tem sido sujeito a vários estudos científicos, mas no projeto agora em curso, a equipa interdisciplinar procura «compreender as origens e as modificações dos conjuntos líticos e bióticos encontrados na gruta e propor uma reconstrução de alta resolução dos paleoambientes climáticos».

Marina Igreja integra a equipa com a especialidade em Traceologia lítica, uma área do conhecimento que permite «identificar, através da análise ao microscópio das superfícies das peças, quais os materiais trabalhados e gestos efetuados: a função e modo de funcionamento destas peças». No caso do projeto gruta de “Lunel Viel”, a investigadora explica que «para este período do Paleolítico Médio são ainda poucos os estudos disponíveis de traceologia».

«Até colocarmos as peças num microscópio a sua função é sempre desconhecida. E para períodos muito antigos, como este, menos se sabe sobre o modo de funcionamento das ferramentas. Para estas cronologias sabe-se muito pouco sobre a função destas peças e as atividades conduzidas pelas populações humanas nos sítios – ligadas à subsistência e outras – dado os problemas de preservação de vestígios orgânicos».

«As ferramentas em pedra por não serem perecíveis são um verdadeiro arquivo dos materiais trabalhados, dos gestos, das atividades. Se bem preservadas, como é o caso do estado de preservação excecional em “Lunel Viel”, contêm vestígios dos materiais trabalhados e dos gestos, visíveis ao microscópio», explica. 

Recentemente a especialista esteve em França, no laboratório do CNRS de Aix-en-Provence, para realizar o estudo de traceologia destas ferramentas em sílex com mais de 200.000 anos. «A análise revela que as ferramentas foram usadas essencialmente no corte e raspagem de madeira, não havendo indícios microscópicos para já de outras atividades ou materiais trabalhados. Este dado, quando posteriormente for integrado com resultados de outros estudos, tem implicações na interpretação da natureza da ocupação humana do sítio e da forma como estas populações geriam os recursos naturais».

Mas estes são ainda dados preliminares de um projeto que está em curso e que integrará informação de estudos de outras áreas disciplinares, até que os investigadores consigam chegar aos resultados finais e propor uma reconstrução do respetivo paleoambientes climático.

 
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