Testamento da Rainha Santa Mafalda regressa ao Mosteiro de Arouca

Testamento da Rainha Santa Mafalda regressa ao Mosteiro de Arouca

Cento e setenta anos depois de Alexandre Herculano o ter levado para a Torre do Tombo, na sequência da extinção das Ordens Religiosas em Portugal, o testamento original da Rainha Santa Mafalda regressa a Arouca e ao Mosteiro que habitou. O documento estará em exposição, entre os dias 12 e 17 de julho, na Biblioteca Memorial D. Domingos de Pinho Brandão, no âmbito do evento “Arouca – História de um Mosteiro”

O documento, que vai ficar em exibição durante seis dias, estabelece não apenas a transferência dos bens que Santa Mafalda possuía em Arouca, mas também o destino a dar à sua herança. Deixou Arouca em 1854, pela não do escritor, jornalista e historiador Alexandre Herculano, então comissário da Academia Real das Ciências.

Padroeira de Arouca, D. Mafalda Sanches, filha do rei D. Sancho I e da rainha D. Dulce de Aragão, e neta de D. Afonso Henriques, foi infanta de Portugal e rainha de Castela por um breve período de tempo, pelo seu casamento com Henrique I de Castela. Após a dissolução do matrimónio, recolheu-se no Mosteiro de Arouca, fazendo-o passar da Ordem de São Bento para a Ordem de Cister. Aí, sem nunca professar, fez vida de recolhimento, oração e caridade, que lhe trouxeram a fama de santidade. A sua beatificação foi declarada pelo papa Pio VI, em 1792.

Datado de 1256, no testamento, pode ler-se: “Eu, rainha D. Mafalda, com a minha plena razão e prevendo o meu fim, faço este meu testamento ou manda. Em primeiro lugar, ordeno que o meu corpo seja sepultado no mosteiro de Arouca e mando às donas e monjas que aí servirem a Deus, na Ordem Cisterciense, toda a minha herdade de Bouças com o seu mosteiro, […] que me deram e deixaram o meu pai e a minha mãe. (…) Igualmente mando o colchão maior do meu leito e pulvinar de frouxel para que sejam divididos e posteriormente transformados em colchões para a enfermaria (…) e proíbo, sob a bênção ou maldição das ditas relíquias, que nenhum abade ou abadessa, nenhum homem ou mulher, as possa alienar, repartir, transferir ou retirar do mosteiro de Arouca”.

A exposição do testamento integra o programa da iniciativa “Arouca – História de um Mosteiro”, que se divide em dois momentos: de 12 a 17 de julho há “Retratos do Barroco”, que funciona como enquadramento para o segundo momento, o da Recriação Histórica, de 19 a 21 de julho, que propõe uma viagem no tempo, até aos séculos XVIII e XIX, recriando o modo de vida da comunidade religiosa que habitava o Mosteiro e do povo que trabalhava os seus ofícios e artes no espaço envolvente.

 
Skip to content