
Convento de Santa Maria de Semide - detalhe
Designação
Designação
Convento de Santa Maria de Semide
Outras Designações / Pesquisas
Mosteiro de Santa Maria de Semide / Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Convento
Inventário Temático
-
Localização
Divisão Administrativa
Coimbra / Miranda do Corvo / Semide e Rio Vide
Endereço / Local
EN 171
Semide
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia
Propostas de 12-01-2017 da DRC do Centro para abertura de procedimento de ampliação da classificação, de forma a incluir o adro fronteiro e a torre dos sinos, de alteração da categoria de classificação, de IIP para MIP, e de redenominação, para Mosteiro de Santa Maria de Semide
Parecer favorável de 9-01-2017 da CM de Miranda do Corvo
Em 13-10-2016 a DRC do Centro enviou à CM de Miranda do Corvo proposta de ampliação da classificação e de alteração da designação
Decreto n.º 45/93, DR, I Série-B, n.º 280, de 30-11-1993 (ver Decreto)
Edital de 2-07-1984 da CM de Miranda do Corvo
Despacho de homologação de 30-11-1983 do Ministro da Cultura
Despacho de concordância de 29-11-1983 da presidente do IPPC
Parecer de 25-11-1983 da Assessoria Técnica do IPPC a propor a classificação como IIP
Em 16-11-1982 a CM de Miranda do Corvo enviou a documentação solicitada
Em 18-05-1982 foi solicitado à CM de Miranda do Corvo o envio de documentação para instrução de processo de classificação
ZEP
Proposta de 12-01-2017 da DRC do Centro para a fixação de uma ZEPP
Parecer favorável de 9-01-2017 da CM de Miranda do Corvo
Em 13-10-2016 a DRC do Centro enviou à CM de Miranda do Corvo proposta de ZEPP com pedido de parecer
Zona "non aedificandi"
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Abrangido em ZEP ou ZP
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Abrangido por outra classificação
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Património Mundial
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Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Situado entre a ribeira do Arouce e o rio Ceira, numa meia encosta rodeada de bosques e arvoredo, o mosteiro de Santa Maria de Semide conserva a memória de cerca de dez séculos de história, que se ligam, principalmente nos primeiros tempos, à história de Portugal, testemunhando uma forma de ocupação do espaço, própria do período da Reconquista (ALMEIDA, 2003, p. 123).
A primeira referência documental sobre Semide, data de 1154. É uma carta passada por D. Afonso Henriques onde se menciona o nome do abade, D. João, e o interesse na instituição por parte do Bispo de Coimbra e seu irmão, Martim Anaia. Esta família encontra-se ligada ao mosteiro desde os primeiros tempos, tendo sido uma neta de Martim Anaia a instituir, em 1183, o convento feminino que sucedeu a esta primeira casa masculina, ou que foi fundado após a sua extinção (IDEM; MELO, 1992, p. 17).
No decorrer da primeira metade do século XVI, as tentativas de reforma estiveram ligadas a religiosas cistercienses, e desde esta época há indicações sobre o desejo de extinguir o convento de Semide, e enviar as religiosas para Santa Ana, em Coimbra, o que, na verdade, veio a acontecer, mas por um breve período e somente no século XVII (ALMEDA, 2003, pp. 124-125; MATTOSO, 1974, tomo II, p. 35).
Do convento primitivo parece não ter subsistido qualquer elemento, e a construção mais antiga que se conhece é o claustro inferior, de cerca de 1540, com cinco vãos de arcos semicirculares, suportados por colunas toscanas, e com arcos-capelas que originalmente continham retábulos (este viria a sofrer fortes danos com o incêndio ocorrido em 1990). Todavia, as intervenções levadas a cabo em 2001 permitiram concluir com certeza que a área ocupada pelas edificações medievais correspondia ao claustro quinhentista e à igreja (SILVA, 2003, pp. 129-130).
A história do convento de Semide ficou marcada pelo incêndio de grande amplitude, em 1664, que obrigou a uma renovação do conjunto monástico, só parcialmente concluída. Exemplo desta situação é o claustro superior, com apenas duas alas, e mais tarde revestido por azulejos de tipo coimbrão. A igreja estava terminada em 1697 e o seu equipamento decorativo é bem característico da arte do reinado de D. Pedro II. De planta rectangular, com capela-mor e coro nas extremidades, e porta principal na fachada lateral, a igreja é revestida por azulejos seiscentistas de tipo tapete na zona do coro. A capela-mor exibe tecto de caixotões com representações da vida de São Bento, e retábulo-mor de talha dourada, característico do denominado estilo nacional ou proto-barroco, com as imagens de São Bento e Santa Escolática. No exterior, o portal é o elemento de maior destaque, de linguagem barroca, flanqueado por pilastras e encimado por medalhão com a imagem de São Bento e escudo da ordem, envolto por aletas.
Os azulejos da nave e da capela baptismal remontam a uma campanha decorativa mais avançada, já da segunda metade do século XVIII. Os silhares recortados enquadram figurações de cenas da vida da Virgem, com medalhões inferiores de paisagens. De acordo com Santos Simões, um painel existente no Museu Machado de Castro, e proveniente da igreja de Semide, está datado de cerca de 1784 (SIMÕES, 1979, p. 151). O órgão, atribuído ao organeiro António Xavier Machado e Cerveira deverá ser contemporâneo desta segunda campanha. O mesmo acontece com os azulejos que revestem o claustro quinhentista, assinado por Sousa Carvalho e datados de 1784.
A extinção das Ordens Religiosas não trouxe consigo o encerramento imediato do convento, uma vez que a última freira faleceu, apenas, em 1896, data em que se encerrou o edifício passando a igreja para a paróquia. Alvo de novo incêndio em 1990, que afectou essencialmente o primeiro claustro, o convento foi depois objecto de um projecto de reabilitação e requalificação.
(Rosário Carvalho)
Imagens
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Convento de Santa Maria de Semide - Claustro maior: abóbada da galeria do piso térreo
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Convento de Santa Maria de Semide - Interior: corredor
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Convento de Santa Maria de Semide - Fachada principal: acesso ao convento (antiga portaria conventual)
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Convento de Santa Maria de Semide - Claustro maior: quadra central
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Convento de Santa Maria de Semide - Claustro maior: vista parcial da arcaria
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Convento de Santa Maria de Semide - Fachada principal: portal da igreja
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Convento de Santa Maria de Semide - Fachada principal - Vista parcial
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Convento de Santa Maria de Semide - Claustro maior: vista parcial da arcaria
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Convento de Santa Maria de Semide - Vista geral do conjunto
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Convento de Santa Maria de Semide - Fachada principal (corpo da igreja e zona conventual)
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Convento de Santa Maria de Semide - Fachada principal: corpo da igreja
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Convento de Santa Maria de Semide - Claustro maior: vista parcial da arcaria
Bibliografia
Título
Coimbra e Região
Local
Lisboa
Data
1987
Autor(es)
BORGES, Nelson Correia
Título
Azulejaria em Portugal no século XVIII
Local
Lisboa
Data
1979
Autor(es)
SIMÕES, J. M. dos Santos
Título
O Mosteiro Beneditino de Santa Maria de Semide
Local
Coimbra
Data
1992
Autor(es)
MELO, Maria Teresa Osório de
Título
Beneditina Lusitana
Local
Lisboa
Data
1974
Autor(es)
SÃO TOMÁS, Frei Leão de
Título
As monjas de Semide: reconstituição do viver monastico
Local
Coimbra
Data
1900
Autor(es)
ASSUNÇÃO, Tomás Lino da
Título
Património, parentesco e poder: o Mosteiro de Semide do século XII ao século XV
Local
Lisboa
Data
1992
Autor(es)
MARTINS, Rui Cunha
Título
Mosteiro de Santa Maria de Semide: reabilitação e requalificação , Monumentos, n.º 18, pp. 123-137
Local
Lisboa
Data
2003
Autor(es)
ALMEIDA, Fernando-António, SILVA, António José Marques da, APPLETON, João, MESTRE, Víctor
Título
Inventário Artístico de Portugal - Aveiro, Beja, Coimbra, Évora, Leiria, Portalegre, Porto e Santarém
Local
Lisboa
Data
2000
Autor(es)
SEQUEIRA, Gustavo de Matos