
Igreja da Misericórdia de Torres Novas - detalhe
Designação
Designação
Igreja da Misericórdia de Torres Novas
Outras Designações / Pesquisas
Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Igreja
Inventário Temático
-
Localização
Divisão Administrativa
Santarém / Torres Novas / Torres Novas (Santa Maria, Salvador e Santiago)
Endereço / Local
Largo General Baracho
Torres Novas
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia
Decreto n.º 1/86, DR, I Série, n.º 2, de 3-01-1986 (ver Decreto)
Edital de 5-06-1984 da CM de Torres Novas
Edital de 13-03-1984 da CM de Torres Novas
Despacho de homologação de 29-11-1979 do Secretário de Estado da Cultura
Parecer de 29-11-1979 da COISPCN a propor a classificação como IIP
Proposta de classificação de 6-11-1979 da DGPC
ZEP
-
Zona "non aedificandi"
-
Abrangido em ZEP ou ZP
Abrangido por outra classificação
-
Património Mundial
-
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Fundada em 1534 pelos "homens bons" da vila, a irmandade da Misericórdia de Torres Novas só viria a construir o seu templo na segunda metade do século XVI. Nos primeiros anos de funcionamento, devido à falta de património e rendimento próprios, a irmandade pediu à Coroa a anexação dos bens da gafaria da vila, bem como de algumas confrarias paroquiais. No ano de 1538 D. Jaime de Lencastre, prior das quatro freguesias de Torres Novas, doava à irmandade a ermida dos Fiéis de Deus, que pertencia à igreja paroquial de São Pedro; foi neste local que a irmandade decidiu erigir a sua igreja. Em 1566 a igreja não estava ainda concluída, pois a primeira eleição da mesa da Misericórdia, feita nesse ano, foi realizada na igreja de Santa Maria. As obras iriam arrastar-se pelos primeiros anos do século XVII, embora a estrutura do templo estivesse concluída antes de 1592. Em 1618 era executado o retábulo de pedra da capela-mor, e em 1640, a Mesa pagava as tábuas dos altares colaterais, atribuídas ao pintor Miguel Figueira. No ano de 1644 era executado o entablamento da capela-mor e em 1668 o benfeitor Manuel Falardo da Maia patrocinava a edificação da tribuna em talha dourada. O revestimento azulejar do interior da igreja foi realizado em 1674, e quatro anos depois eram pintados os caixotões da abóbada da nave. O coro-alto só seria erigido em 1684.
O longo tempo de edificação da Misericórdia de Torres Novas originou um templo eclético, que conjuga elementos de diversas épocas, nomeadamente um portal manuelino, de acesso à Casa do Despacho, que deverá ter sido retirado da estrutura da ermida dos Fiéis de Deus. A fachada principal do templo apresenta um modelo maneirista, de linhas depuradas, com portal de moldura rectangular inserido em estrutura retabular, ao qual se acede por escadaria. A estrutura do portal divide-se em três registos, à semelhança dos retábulos pétreos. A porta é ladeada por duplas colunas compósitas, assentes em plintos decorados com cartelas, e encimadas por cornija decorada com relevos de grutescos e um esquema arquitectónico tripartido, definido por pilastras decoradas. O conjunto é rematado por um nicho em concha, decorado por uma Visitação e rematado por frontão triangular. O segundo registo da fachada possui três janelas de peito, que iluminam lateralmente a nave.
Interiormente, possui planta de nave única e cabeceira tripartida, de cércea mais baixa e capela-mor avançada em relação às laterais. A nave possui seis vãos, com as paredes totalmente revestidas de azulejos de tapete, e tecto de caixotões pintados. Ao fundo foi edificado o coro-alto assente sobre pilastras, com balaustrada de madeira. Do lado da Epístola foi colocado o cadeiral dos mesários da irmandade, destacando-se o lugar do provedor, encimado por brasão. O presbitério é avançado, com frontal revestido a azulejos de padrão. A cabeceira é decorada por estrutura arquitectónica de cantaria, com três arcadas de arco pleno separadas por pilastras dóricas e rematada por frontão triangular. As capelas colaterais, pouco profundas, possuem retábulos de talha dourada, a do Evangelho dedicada ao Senhor do Bom Despacho, a da Epístola dedicada ao Senhor dos Passos. O retábulo-mor, também de talha dourada, possui sacrário em forma de tabernáculo e imagem da Visitação. Sobre a sacristia foi edificada a Casa do Despacho, com tribuna para a nave, cerrada por portas envidraçadas.
As telas maneiristas que compunham os retábulos originais foram preservadas, destacando-se a Visitação do retábulo-mor; as representações de Cristo curando o paralítico e a Ressurreição de Lázaro foram colocadas nas paredes laterais da nave, enquadradas por molduras barrocas.
A igreja possui ainda, no vão lateral do presbitério, um presépio da escola de Machado de Castro, que pertencera à Quinta de São Gião e foi doado à Misericórdia de Torres Novas por João Caetano Pereira, seu segundo proprietário.
Catarina Oliveira
IPPAR/2004
Imagens
Bibliografia
Título
Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Santarém
Local
Lisboa
Data
1949
Autor(es)
SEQUEIRA, Gustavo de Matos
Título
Património artístico do concelho de Torres Novas
Local
Torres Novas
Data
2001
Autor(es)
BICHO, Joaquim Rodrigues
Título
As telas seiscentistas da Misericórdia de Torres Novas, in Estudos de pintura maneirista e barroca
Local
Lisboa
Data
1989
Autor(es)
SERRÃO, Vítor