
Convento e Igreja de São Francisco - detalhe
Designação
Designação
Convento e Igreja de São Francisco
Outras Designações / Pesquisas
Arquivo Distrital de Bragança / Convento e Igreja de São Francisco / Arquivo Distrital e Biblioteca Pública de Bragança (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Convento
Inventário Temático
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Localização
Divisão Administrativa
Bragança / Bragança / Sé, Santa Maria e Meixedo
Endereço / Local
Rua do Condestável, na vertente N. do Castelo
Bragança
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia
Decreto n.º 1/86, DR, I Série, n.º 2, de 3-01-1986 (ver Decreto)
ZEP
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Zona "non aedificandi"
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Abrangido em ZEP ou ZP
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Abrangido por outra classificação
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Património Mundial
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Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Discute-se ainda o momento exacto em que os fransciscanos chegaram a Bragança. Depois de alguns investigadores terem sugerido uma data bastante recuada, em plena segunda década do século XIII, as opiniões mais recentes apontam como mais provável os meados dessa centúria (AFONSO e TRANCOSO, 1982, p.125). Nas obras efectuadas em 1982, descobriu-se uma pequena cripta que continha um túmulo assente sobre leões, uma peça que, pela sua simplicidade e austeridade, foi datada da época de fundação do convento (IDEM, p.127), apesar de ter sido reaproveitada para outra tumulação no século XVII. Independentemente da data em que o cenóbio tenha sido fundado, é certo que já exista em 1271, ano em que D. Afonso III deixou cinquenta libras aos frades menores brigantinos (JACOB, 1997, p.100).
Estamos muito mal informados acerca dos primeiros tempos de vida da comunidade, assim como da primitiva obra então edificada. Subsiste a capela-mor original, parcialmente reformulada no século XVII. Por ela podemos avaliar como os frades mendicantes adaptaram (e simplificaram) o modelo de cabeceira realizada em Castro de Avelãs. Construída em xisto, caracteriza-se por frestas alongadas verticalmente, dispostas entre contrafortes que se elevam até metade da altura dos alçados. Apesar de os mendicantes veicularem uma mensagem religiosa substancialmente distinta da que caracterizou os beneditinos dos séculos XII e XIII, o caso de São Francisco de Bragança é importante para provar como a linguagem artística românica continuou entre estas duas realidades tão aparentemente antagónicas.
No século XVII, por intermédio de Pascoal de Frias, abade de Carrazedo, o convento viveu um período de relativa prosperidade, procedendo-se, então, à primeira grande campanha de obras depois da época fundacional. Este rico e culto homem da Igreja instituiu aqui uma capela funerária, do lado Norte do templo junto à capela-mor, obra de moldura rectangular, de grande sobriedade e rigor maneirista. Mais importantes para a fisionomia do monumento foram as obras levadas a cabo na fachada principal, corpo e capela-mor da igreja e demais dependências conventuais.
O portal principal revela bem a amplitude desta reforma, organizado segundo uma preocupação cenográfica bem conseguida, que se conjuga com a extensa alameda que a ele conduz. De volta perfeita, com moldura de pedra almofadada, e ladeado por colunas salientes sustentando um elegante entablamento, é sobrepujado por janelão vertical, sendo o conjunto coroado por uma pedra decorada onde se registou a data comemorativa da obra: 1635. No interior, uma ampla nave rectangular, iluminada lateralmente por janelões que rompem mesmo parte da abóbada, dá acesso à capela-mor, profunda e com abóbada de berço de caixotões.
Findas as obras maneiristas, o convento conheceu um último momento artístico de fulgor, que coincidiu com o tempo barroco. Em 1728 e 1746, dois violentos incêndios destruíram parte da igreja e do convento, contando-se, nos estragos, a ruína do mobiliário litúrgico da capela-mor. O retábulo principal então construído, em estilo nacional do reinado de D. João V, também não chegou íntegro até aos nossos dias, mas parte dele conserva-se reaproveitado no retábulo neoclássico que decora ainda a parede fundeira da capela-mor.
Na década de 80 do século XX, uma grande campanha de restauro proporcionou a descoberta de numerosos vestígios medievais. Para além da cabeceira primitiva e do provável túmulo do fundador da comunidade, muitas outras tumulações foram descobertas, provando como o novo espaço franciscano da urbe duocentista foi um dos locais privilegiados para enterramentos, à semelhança do que aconteceu, em grande escala, noutras comunidades mendicantes das principais cidades do reino.
PAF
Imagens
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Convento e Igreja de São Francisco - Interior: pia baptismal
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Convento e Igreja de São Francisco - Fachada principal da igreja e portaria (DGEMN)
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Convento e Igreja de São Francisco - Fachada lateral: janelas (DGEMN)
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Convento e Igreja de São Francisco - Fachada principal
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Convento e Igreja de São Francisco - Fachada principal da igreja e portaria
Bibliografia
Título
Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança: repositório amplo de notícias corográficas, hidro-orográficas, geológicas, mineralógicas, hidrológicas, biobibliográficas, heráldicas (...), 2ªed.
Local
Bragança
Data
2000
Autor(es)
ALVES, Francisco Manuel
Título
Bragança
Local
Lisboa
Data
1997
Autor(es)
JACOB, João
Título
Vestígios românicos na igreja do convento de S. Francisco (Bragança), Brigantia, vol. III, nº1, pp.121-136
Local
Bragança
Data
1983
Autor(es)
AFONSO, Belarmino, TRANCOSO, Duarte Nuno Moscoso
Título
Roteiro e escorço histórico da cidade de Bragança
Local
Bragança
Data
1964
Autor(es)
FELGUEIRAS JÚNIOR, Francisco
Título
A igreja de São Francisco, Brigantia, vol. VIII, nº1/2, pp.131-140
Local
Bragança
Data
1988
Autor(es)
AFONSO, Belarmino