
Ermida da Memória, também denominada «Capela de Nossa Senhora da Nazaré» ou «Capelinha do Sítio» - detalhe
Designação
Designação
Ermida da Memória, também denominada «Capela de Nossa Senhora da Nazaré» ou «Capelinha do Sítio»
Outras Designações / Pesquisas
Ermida da Memória / Capela de Nossa Senhora da Nazaré / Capelinha do Sítio (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Ermida
Inventário Temático
-
Localização
Divisão Administrativa
Leiria / Nazaré / Nazaré
Endereço / Local
Promontório do Sítio da Nazaré, do lado sul do Largo de Nossa Senhora da Nazaré
Nazaré
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia
Decreto n.º 45/93, DR, I Série-B, n.º 280, de 30-11-1993 (ver Decreto)
Em 29-07-1986 a proprietária informou concordar com a classificação
Edital (1980) da CM da Nazaré
Despacho de homologação de 20-03-1980 do Secretário de Estado da Cultura
Parecer de 20-03-1980 da COISPCN a propor a classificação como IIP
Em 21-02-1980 o MEADJM enviou a documentação solicitada
Em 10-02-1976 foi solicitado ao MEADJM o envio de documentação para a instrução do processo de classificação
Proposta de classificação de Dezembro de 1975 da JNE
ZEP
Em 30-08-1988 a CM da Nazaré enviou a planta solicitada
Em 5-04-1988 foi solicitada à CM da Nazaré uma planta do Sítio da Nazaré
Proposta de 11-03-1988 do MEADJM para que se fixe a ZEP conjunta da Igreja de Nossa Senhora da Nazaré e da Ermida da Memória
Zona "non aedificandi"
-
Abrangido em ZEP ou ZP
-
Abrangido por outra classificação
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Património Mundial
-
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Na origem da ermida da Memória encontra-se uma lenda referente à imagem de Nossa Senhora, esculpida por São José e pintada por São Lucas, na presença da Virgem, que se encontrava no mosteiro de Cauliniana, em Mérida, quando aí chegou D. Rodrigo, chefe dos Godos, depois da derrota cristã de Guadalete. Mais tarde, este e Frei Romano deslocaram-se para ocidente, chegando em 714 ao local onde hoje se ergue a ermida da Memória, local em que a imagem ficou depositada junto a um pequeno altar levantado pelo frade (BRITO 1609).
A imagem foi encontrada em 1179 numa gruta, sobre a qual foi depois erguida a ermida, a expensas de D. Fuas Roupinho, então alcaide do castelo de Porto de Mós, em acção de graças a Nossa Senhora da Nazaré, que o salvou de cair num penhasco quando perseguia um veado no seio de um intenso nevoeiro. Esta primeira capela, cujos panos murários eram abertos por quatro arcos, para a imagem poder ser vista em terra e no mar, viu os mesmos serem fechados por D. Fernando, em 1370, a fim de preservar a imagem, que se deteriorava rapidamente. O mesmo monarca mandou construir nova igreja, em local mais acessível, terminada, segundo a tradição, em 1377, correspondendo à igreja de Nossa Senhora da Nazaré.
Em 1600, o monge de Alcobaça, frei Bernardo de Brito, mandou desentulhar a gruta primitiva, reconstruindo, na mesma época, a antiga ermida. Nos anos seguintes o templo foi sendo objecto de reformas sucessivas que visaram enobrecer o espaço alterando-lhe, no entanto, a sua ideia original. Assim, logo em 1628 já os arcos se encontravam entaipados fechando por completo um espaço que frei Bernardo de Brito havia construído como uma planta centralizada, aberta por arcos de volta perfeita e, certamente, com o altar ao centro; a gruta onde a imagem havia sido descoberta era protegida por esta estrutura.
A partir desta data vingou o espaço fechado, que ganhou uma nova dinâmica visual, mais consentânea em relação ao que era habitual na época, com o revestimento azulejar integral do seu interior. O mesmo tratamento cerâmico mereceu a cobertura exterior, de quatro águas.
Nos alçados da ermida ainda se podem observar os antigos arcos, o registo azulejar que representa o milagre de Nossa Senhora da Nazaré, e a fachada é marcada pela abertura do portal, de verga recta, encimado por sobreporta em azulejo azul e branco e, sobre a cornija, por uma placa de cantaria relevada representando a Virgem da Nazaré com o Menino nos braços, São Brás e São Bartolomeu à direita, e D.Rodrigo e Frei Romano do lado oposto (ALÃO, 1628).
O interior é totalmente revestido por azulejos azuis e brancos, de padrão, que enquadram outros figurativos, onde se representam emblemas marianos (sobre este programa emblemático ver ARRANZ, 2001, pp. 59-76). Na cripta, que corresponde à primitiva gruta, encontramos um espaço igualmente revestido por azulejos, em cuja abóbada se ilustra o milagre e atrás de um gradeamento, a imagem de Nossa Senhora da Nazaré.
Estes azulejos têm vindo a ser atribuídos à oficina de António de Oliveira Bernardes, um dos expoentes máximos da pintura azulejar barroca e da pintura a óleo, activo entre 1680 e 1732, ano do seu falecimento MECO, 1989, p. 224; IDEM, 1989, p. 80).
(Rosário Carvalho)
Bibliografia
Título
D. Fuas Roupinho e o santuário da Nazaré
Local
Coimbra
Data
1929
Autor(es)
BOGA, Manuel Mendes
Título
Peregrinos da memória: o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré: 1600-1785
Local
Lisboa
Data
1998
Autor(es)
PENTEADO, Pedro
Título
Un programa emblemático de exaltación mariana: los azulejos de la ermida da Memória en el sítio de Nazaré (Portugal), Nobra-Arte, XX-XXI, pp. 56-76
Local
-
Data
2001
Autor(es)
ARRANZ, José Julio Garcia
Título
Antiguidade da sagrada imagem de Nossa S. de Nazareth: grandezas de seu sitio, casa, & jurisdiçaõ real, sita junto à villa da Pederneira...
Local
Lisboa
Data
1628
Autor(es)
ALÃO, Manoel de Brito
Título
Nossa Senhora de Nazaré na iconografia Mariana: exposição comemorativa do VIII centenário de devoção a Nossa Senhora da Nazaré
Local
Nazaré
Data
1982
Autor(es)
-
Título
Monarquia Lusitana (Facsmile da ed. de Alcobaça: no Mosteiro de Alcobaça, 1597)
Local
Lisboa
Data
2004
Autor(es)
BRITO, Frei Bernardo de