
Castelo de Torre de Moncorvo - detalhe
Designação
Designação
Castelo de Torre de Moncorvo
Outras Designações / Pesquisas
Castelo de Torre de Moncorvo / Castelo e cerca urbana de Torre de Moncorvo (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Militar / Castelo
Inventário Temático
-
Localização
Divisão Administrativa
Bragança / Torre de Moncorvo / Torre de Moncorvo
Endereço / Local
Largo dos Paços do Concelho
Torre de Moncorvo
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia
Decreto n.º 40 361, DG, I Série, n.º 228, de 20-10-1955 (ver Decreto)
ZEP
-
Zona "non aedificandi"
-
Abrangido em ZEP ou ZP
Abrangido por outra classificação
-
Património Mundial
-
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Torre de Moncorvo nasceu por vontade de D. Dinis, no âmbito da criação das chamadas "vilas novas", processo iniciado por seu pai, D. Afonso III, promoveu a edificação de um pólo populacional proto-urbano nesta parcela do território transmontano. Com esta medida, datada de 1285, Moncorvo herdava o termo anteriormente vinculado a Santa Cruz da Vilariça, antiga cabeça de Terra da região, e instituía-se como principal sede administrativa e militar da zona.
O seu castelo começou a edificar-se logo após a atracção dos primeiros moradores ou em data muito próxima. Em 1295, dez anos depois do documento de criação, o próprio rei faz referência ao castelo, pressupondo-se, assim, que as obras já estariam em curso (ABREU, 2000, p.73). Apesar das múltiplas fases de destruição por que a fortaleza passou, é ainda possível reconstituir o seu aspecto geral original. Assim, a cerca definia um povoado de perfil oval, tão característico das vilas muralhadas góticas, que integrava quer a povoação, quer o castelo. Três portas permitiam o acesso ao interior da cerca, de que se destaca a inexistência de qualquer abertura no final da Rua Direita, que terminava num grande torreão quadrangular. De acordo com Carlos d'Abreu, não é impossível que aí existisse uma passagem original, mas "os documentos conhecidos não a referem e a muralha é hoje inexistente nessa zona" (IDEM, p.74). As principais portas situavam-se a Norte e a Nascente (São Bartolomeu e Nossa Senhora dos Remédios, ou da Vila) e eram flanqueadas por duas torres circulares. Uma terceira, localizada do lado Sul, estava anexa ao castelo, sendo defendida directamente por este e dando serventia ao principal reduto defensivo da vila.
O castelo propriamente dito era de planta quadrangular algo irregular, e integralmente construído em granito, por oposição ao xisto da muralha, o que denota uma maior preocupação pela qualidade e durabilidade da construção. Localizava-se no topo poente da povoação e as suas muralhas interiores estavam livres de quaisquer edificações, o que lhe assegurava total independência em caso de invasão da povoação. A reconstituição de António Júlio ANDRADE, 1990, p.250, baseada num antigo desenho da estrutura, realizado em 1815, assegura que a fortaleza tinha duas torres, uma voltada ao interior e a outra ao exterior, enquanto que uma porta de arco abatido, voltada a nascente, permita o acesso ao recinto. Desconhecemos, todavia, se esta configuração seria a original, ou se, em alternativa, correspoderia já a uma posterior campanha de obras, das muitas por que passou a vila de Torre de Moncorvo ao longo dos séculos.
Com efeito, foram várias as fases de reconfiguração e destruição da fortaleza medieval. De 1337 é um contrato entre a Câmara e dois pedreiros para a construção de uma barbacã, dispositivo frequente na Baixa Idade Média que pretendia dotar as fortificações (ou parte delas) de uma segunda linha de muralhas, mais baixa, mas de inegável valia. Em 1376, decidiu-se edificar oito torreões quadrangulares, empresa que conferiu à estrutura as doze torres que constam da reconstituição de Andrade. Mas estas terão sido as últimas obras de engrandecimento da fortaleza. Em 1530, já se refere que a sua cerca está "derribada" e, apesar de se terem realizado algumas obras nos finais do século XVI (ABREU, 2000, p.75), a verdade é que nos séculos seguintes pouco ou nada se fez para reverter a lenta decadência da estrutura.
Em 1721 noticia-se o derrube de algumas portas e partes da cerca e o século XIX foi desastroso para a sua história. Em 1842, a Câmara Municipal já o considerava irrecuperável e, porque se localizava entre a vila velha e a nova, cujo acesso só era possível por uma estreita e íngreme artéria, o município projectou a sua demolição (IDEM, p.76). Toda a zona foi, então, rebaixada e construídos novos edifícios públicos, demonstrando-se, desta forma, a modernidade do projecto camarário, que englobava ainda a constituição de um quartel, nunca efectivada.
PAF
Imagens
Bibliografia
Título
Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança: repositório amplo de notícias corográficas, hidro-orográficas, geológicas, mineralógicas, hidrológicas, biobibliográficas, heráldicas (...), 2ªed.
Local
Bragança
Data
2000
Autor(es)
ALVES, Francisco Manuel
Título
A vila da Torre de Moncorvo no reinado de D. João I, Estudos Medievais, nº2
Local
Braga
Data
1982
Autor(es)
MORENO, Humberto Baquero
Título
Resenha histórica de Torre de Moncorvo
Local
Torre de Moncorvo
Data
1988
Autor(es)
REBELO, Joaquim
Título
Torre de Moncorvo - notas toponímicas
Local
Torre de Moncorvo
Data
1991
Autor(es)
ANDRADE, António Júlio
Título
Conheça a nossa terra. Torre de Moncorvo
Local
-
Data
1990
Autor(es)
TAVARES, Virgílio António Barbosa
Título
Moncorvo. Subsídios para a sua história ou notas extrahidas de documentos inéditos, respeitantes a esta importante villa transmontana , Illustração Transmontana
Local
Porto
Data
1908
Autor(es)
ALVES, Francisco Manuel
Título
A criação do concelho de Torre de Moncorvo, construção da fortaleza na sua sede e respectiva forma urbana, in Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, (1999), pp.23-32
Local
Porto
Data
1999
Autor(es)
ABREU, Carlos de
Título
O castelo da Vila de Torre de Moncorvo (e contributos para a história da sua destruição), Douro. Estudos e Documentos, nº5, pp.73-98
Local
Porto
Data
2000
Autor(es)
ABREU, Carlos de
Título
Roteiro dos castelos de Trás-os-Montes
Local
Chaves
Data
2000
Autor(es)
VERDELHO, Pedro
Título
Castelos da Raia Vol. II:Trás-os-Montes
Local
Lisboa
Data
2003
Autor(es)
GOMES, Rita Costa
Título
Torre de Moncorvo: percursos e materialidades medievais e modernos, Dissertação de Mestrado em Arqueologia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Local
Porto
Data
1998
Autor(es)
ABREU, Carlos de