
Igreja do Convento do Louriçal - detalhe
Designação
Designação
Igreja do Convento do Louriçal
Outras Designações / Pesquisas
Convento do Louriçal / Igreja do Santíssimo Sacramento / Mosteiro do Desagravo do Santíssimo Sacramento (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Igreja
Inventário Temático
-
Localização
Divisão Administrativa
Leiria / Pombal / Louriçal
Endereço / Local
Rua do Convento
Louriçal
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia
Decreto n.º 29 604, DG, I Série, n.º 112, de 16-05-1939 (ver Decreto)
ZEP
-
Zona "non aedificandi"
-
Abrangido em ZEP ou ZP
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Abrangido por outra classificação
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Património Mundial
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Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Implantada a Sul do complexo conventual, a igreja do Louriçal foi iniciada em 1690, depois do primitivo recolhimento, fundado cerca de sessenta anos antes pela Madre Maria do Lado (como desagravo à profanação do santíssimo Sacramento da igreja lisboeta de Santa Engrácia, em 1630), ter sido transformado em convento de clarissas por D. Pedro II (PIMENTEL, 1989, p. 350). O projecto estaria a cargo de João Antunes, a quem é atribuída a traça inicial do templo. A planta, rectangular mas com os cantos cortados, constitui uma solução típica do arquitecto régio, razão pela qual se acredita que foi respeitado o seu desenho (GOMES, 2001, p. 368), mesmo quando, mais tarde, se contratou outro arquitecto para enobrecer a igreja (PIMENTEL, 1989, p. 350). De facto, as obras arrastaram-se durante dezoito longos anos, estando concluídas em 1708 graças ao empenho do então príncipe D. João V, que tomou a seu cargo o convento como forma de agradecimento pela cura de uma doença, em 1700 (SEQUEIRA, 1955, p. 111).
Já as freiras viviam no convento, e estava parcialmente colocado o revestimento azulejar que caracteriza, em grande parte, os edifícios (este tem vindo a ser datado a partir do lavabo da sacristia - 1726), quando se decidiu remodelar o templo com a justificação de que este não era coincidente, em magnificência, com o complexo conventual. Para tal, foi contratado, entre 1734 e 1739, Frei Manuel Pereira, um religioso oratoriano, cuja obra de arquitectura se desconhece. Na realidade, o alcance da sua intervenção no templo do Louriçal é bastante discutível, e é provável que se tenha limitado apenas à ornamentação "como a encomenda a [João António de] Pádua de sumptuosos retábulos marmóreos, ou ao risco de algum pormenor, como o elegante portal onde se venera o Santíssimo Sacramento" (PIMENTEL, 1989, p. 350). Por outro lado, o nome de Carlos Mardel tem vindo a ser associado, por alguns autores, à obra da igreja, relegando o papel de Frei Manuel Pereira exclusivamente para a direcção das obras de abastecimento de água (SEQUEIRA, 1955, p. 112).
A austeridade do exterior (um volume regular e compacto), é quebrada, apenas, pelo ritmo das pilastras, pela abertura de janelas simétricas, e pelo portal rematado por um frontão curvo, cujo tímpano oval é preenchido por motivos eucarísticos. Contrasta fortemente com a dinâmica e os reflexos luminosos do interior do templo, para os quais contribuem decisivamente os azulejos azuis e brancos, de fabrico lisboeta, muito possivelmente, obra da oficina de Bartolomeu Antunes.
A nave, percorrida por uma cimalha bastante volumosa e coberta por abóbada de berço pintada com um painel da Adoração à Hóstia ao centro, é revestida por azulejos com representações da vida de São Francisco, no primeiro registo, e por passos da Paixão, no segundo. No transepto, inscrito e separado do cruzeiro através de arcos de volta perfeita, encontramos 12 episódios da vida de Santa Clara e, no tímpano, 4 cenas da vida da Virgem. Santos Simões estabeleceu o decénio de 1735-45 como o mais provável para a execução deste conjunto (SIMÕES, 1979, p. 174), o que coincide com a época da intervenção de Frei Manuel Pereira. O cruzeiro, coberto por cúpula, abre-se para a nave e capela-mor através de outros arcos de volta perfeita, encontrando-se, nesta última, o retábulo-mor, de mármores coloridos, da autoria de João António de Pádua e a campa rasa da Madre Maria do Lado. Os altares laterais e colaterais apresentam retábulos marmóreos, executados pelo mesmo autor.
No coro baixo, aberto através de um vão rectangular protegido por grades de bico (tal como o coro superior), os azulejos relatam a vida e os milagres de Santo António e no coro alto, acima do cadeiral, a iconografia sofre uma mudança, pois são aqui retratados episódios do Antigo Testamento.
Depois da extinção das ordens religiosas, o edifício foi vendido em hasta pública (em 1925), mas logo recuperado pelas clarissas, que ainda hoje aí permanecem.
(RCarvalho)
Bibliografia
Título
O Barroco
Local
Lisboa
Data
2003
Autor(es)
SERRÃO, Vítor
Título
Arquitectura, Religião e Política em Portugal no século XVII - A Planta Centralizada
Local
Porto
Data
2001
Autor(es)
GOMES, Paulo Varela
Título
Azulejaria em Portugal no século XVIII
Local
Lisboa
Data
1979
Autor(es)
SIMÕES, J. M. dos Santos
Título
Tesouros Artísticos de Portugal
Local
Lisboa
Data
1976
Autor(es)
ALMEIDA, José António Ferreira de
Título
PEREIRA, Frei Manuel, Dicionário da Arte Barroca em Portugal, pp. 350-351
Local
Lisboa
Data
1989
Autor(es)
PIMENTEL, António Filipe
Título
Inventário Artístico de Portugal, vol. V (Distrito de Leiria)
Local
Lisboa
Data
1955
Autor(es)
SEQUEIRA, Gustavo de Matos