
Ermida de Nossa Senhora da Conceição - detalhe
Designação
Designação
Ermida de Nossa Senhora da Conceição
Outras Designações / Pesquisas
Capela de Nossa Senhora da Conceição (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Ermida
Inventário Temático
-
Localização
Divisão Administrativa
Santarém / Tomar / Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
Endereço / Local
Largo de Nossa Senhora da Conceição
Tomar
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia
Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEP
Portaria de 28-01-1947, publicada no DG, II Série, n.º 48, de 28-02-1947 (com ZNA)
Zona "non aedificandi"
Portaria de 28-01-1947, publicada no DG, II Série, n.º 48, de 28-02-1947
Abrangido em ZEP ou ZP
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Abrangido por outra classificação
-
Património Mundial
-
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
A Ermida de Nossa Senhora da Conceição de Tomar é uma das últimas edificações do arquitecto João de Castilho. Iniciada a construção cerca de 1551, o templo só ficaria concluído nos anos de 1572-1573, após a morte de Castilho, sob a direcção do arquitecto Diogo de Torralva. Concebida com o objectivo de se tornar o panteão de D. João III (MOREIRA, Rafael, 1981), a Conceição de Tomar apresenta uma concepção espacial unitária e globalizante, perfeitamente inovadora no panorama arquitectónico de então. A sua estrutura remete para o Templo Malatestiano de Rimini desenhado por Leon Battista Alberti, mantendo no entanto algumas soluções marcadamente nacionais, como o uso de janelas perspectivadas e a "concepção comprimida do espaço interior" (MOREIRA, Rafael, 1981, p. 98).
A Ermida de Nossa Senhora da Conceição possui planta composta, constituída por um rectângulo perfeito dentro do qual se insere uma cruz latina. O transepto, coroado por uma cúpula, salienta-se ligeiramente do corpo da igreja, e a capela-mor é rematada por eirado e guarita cilíndrica. A fachada do edifício, rematada lateralmente por pilastras jónicas, tem ao centro um portal recto sem decoração encimado por uma luneta e ladeado por janelas rectangulares perspectivadas, assentes em mísulas decoradas com volutas; estas janelas são rematadas por frontões triangulares semelhantes àquele que coroa a fachada. O transepto é assinalado exteriormente, nos alçados norte e sul, por frontões triangulares, e ao longo das fachadas as janelas rectangulares, iguais às da fachada principal, marcam os tramos interiores. Ao centro do alçado lateral sul rasga-se uma porta.
Interiormente, a igreja está dividida em três naves, definidas por colunatas coríntias, e possui três tramos separados por arcos torais. Sobre o entablamento das colunas assenta a abóbada de berço decorada por motivos geométricos e florões. Os braços do transepto possuem extensões laterais que criam um espaço semelhante às naves da igreja. Os arcos abertos em cada topo poderão ter sido edificados para albergar as sepulturas de D. João III e de D. Catarina. O transepto é também coberto por uma abóbada decorada com motivos geométricos e florões, cujos cantos assentam em quatro mascarões grotescos, "demónios personificação dos rios do Hades, que chorando, como os 2 do lado da nave, ou com um ar de indignação e espanto, como os dois encostados ao arco triunfal, exprimem a tristeza e horror do mundo subterrâneo ante a morte do Rei." (MOREIRA, Rafael, 1981, p. 99). A decoração dos capitéis inseridos na zona do transepto e da capela-mor mostra um conjunto de símbolos de sentido funerário, como as caveiras que remetem para a morte, ou a fénix, símbolo da ressurreição, definindo um programa iconográfico de vocabulário humanista perfeitamente unificado com a estrutura arquitectónica, formando "uma unidade lógica e orgânica que transmite a mesma mensagem de triunfo sobre a morte e de glorificação da instituição real"(MOREIRA, Rafael, 1981, p. 99).
O programa decorativo demonstra um conhecimento da linguagem clássica e uma actualização teórica por parte de João de Castilho, que se verifica no modelo de capitéis utilizado, inspirados na obra Medidas del Romano de Diego de Sagredo, publicada pela primeira vez em Portugal em 1541. Para além disso, a estrutura do templo reflecte o conhecimento do arquitecto régio sobre os modelos funerários romanos e os pensamentos albertianos que destinam o lugar do monarca a uma "acrópole" situada entre a Cidade dos Homens (a vila de Tomar, que a ermida domina, devido à sua localização) e a Cidade de Deus (o Convento de Cristo).
Catarina Oliveira
IPPAR/2003
Bibliografia
Título
História da Arte em Portugal - o Renascimento e o Maneirismo
Local
Lisboa
Data
2002
Autor(es)
SERRÃO, Vítor
Título
A Ermida de Nossa Senhora da Conceição, mausoléu de D. João III?,Boletim Cultural da Câmara Municipal de Tomar
Local
Tomar
Data
1981
Autor(es)
MOREIRA, Rafael
Título
Intervenção de recuperação da Ermida de Nossa Senhora da Conceição em Tomar, Património Estudos
Local
Lisboa
Data
2003
Autor(es)
MARREIROS, Luís Soromenho
Título
A Arquitectura ao Romano
Local
Vila Nova de Gaia
Data
2009
Autor(es)
CRAVEIRO, Maria de Lurdes