
Castelo de Mértola - detalhe
Designação
Designação
Castelo de Mértola
Outras Designações / Pesquisas
Castelo e cerca urbana de Mértola (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Militar / Castelo
Inventário Temático
Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve
Localização
Divisão Administrativa
Beja / Mértola / Mértola
Endereço / Local
- na parte antiga da vila
Mértola
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia
Decreto n.º 38 147, DG, I Série, n.º 4, de 5-01-1951 (revogou a anterior classificação e classificou como MN) (ver Decreto)
Decreto n.º 32 973, DG, I Série n.º 175, de 18-08-1943 (classificou como IIP) (ver Decreto)
ZEP
Portaria de 16-01-1970, publicada no DG, II Série, n.º 37, de 13-02-1970 (sem restrições) (ZEP do castelo e Igreja matriz de Mértola)
Zona "non aedificandi"
-
Abrangido em ZEP ou ZP
Abrangido por outra classificação
-
Património Mundial
-
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Desde as origens que Mértola teve importantes condições de defesa, implantando-se num alto rochosos na confluência da Ribeira de Oeiras com o rio Guadiana. Os inícios da fortificação encontram-se na época islâmica, período em que a cidade foi um importante porto fluvial entre Mérida e o Atlântico. Não obstante equacionar-se uma primitiva muralha tardo-romana (TORRES e outros, 1991, p.13), só no século IX encontramos as primeiras notícias documentais acerca da relevância militar da cidade, numa conjuntura de revolta de alguns senhores locais contra Córdova.
É de presumir que a grande campanha construtiva militar tenha acontecido durante o Califado omíada (930-1031), época de maior centralização estatal e de notáveis avanços no domínio da guerra por parte do Islão peninsular. Nas décadas de 30 e 40 do século XI, Mértola foi uma efémera capital taifa, conquistada pelo vizinho reino de Sevilha, em 1044. Um século depois, durante nova fragmentação do bloco islâmico peninsular, a cidade proclamou-se uma vez mais independente. Nesta altura, é de admitir que tenham existido melhoramentos no sistema militar, pois a "excelência das suas fortificações" não passou despercebida ao geógrafo Edrisi (IDEM, p.15).
Mas foi no final do século XII, no contexto da reacção almóada face ao avanço cristão, que se conhecem referências mais concretas ao castelo, com a construção de uma torre, muito provavelmente, da cisterna e, ainda, a feição geral da entrada no recinto (com arco ultrapassado que daria acesso a um corredor em cotovelo), bem como de parte do torreão cilíndrico que se lhe adossa (IDEM, p.16).
No entanto, terá sido uma "população (...) francamente empobrecida", sem meios de defesa adequados, que os cavaleiros de Santiago encontraram em 1238, altura em que conquistaram Mértola (BOIÇA e BARROS, 2001, p.579, contra opinião de TORRES e outros, 1991, p.17). A importância militar do local, com natural ligação ao Algarve, fez com que os Espatários escolhessem a cidade como sede da Ordem em Portugal, estatuto que manteve até 1316. Durante este período, dois factos importantes aconteceram: em 1254, D. Paio Peres Correia passou foral; de 1292 é uma inscrição que dá conta da construção da torre de menagem, por patrocínio de D. João Fernandes, mestre santiaguista.
O ano de 1292 tem servido para datar genericamente a obra gótica do castelo e deve inserir-se no "processo de autonomização do ramo português da Ordem de Santiago, alcançada e ratificada nos anos de 1288 e 1290" (IDEM, 2001, p.579). Apesar das múltiplas transformações por que passou, é ainda possível reconstituir a sua estrutura básica, reveladora de uma racionalização arquitectónica e espacial característica dos anos do Gótico.
A fortaleza é de planta quadrangular, ligeiramente trapezoidal, com ângulos defendidos por torres. A principal é a Torre de Menagem, que se eleva a quase 30 metros de altura. A sua implantação na face mais desnivelada do conjunto, obrigou a que o primeiro piso fosse "um robusto e elevado embasamento" (IDEM, p.580), sobre o qual se elevam dois andares: o primeiro, com acesso a partir do adarve, pela porta gótica sobrepujada pela inscrição de 1292, tem tecto de cruzaria de ogivas de oito tramos, possuía lareira e era iluminado por três frestas; o andar superior, muito transformado, deveria ter servido de residência, mas não restam vestígios dessa função. No extremo ocidental, situava-se a Torre da Carocha que, como o nome indica, terá desempenhado funções de prisão (IDEM, p.583). A entrada, voltada à vila, era feita por um corredor em cotovelo, com duas portas, e era defendida por torreões circulares.
Sem grandes alterações nos séculos seguintes (à excepção da casa do alcaide, edificada nos finais do século XV e que ocupou toda a muralha Norte), o castelo perdeu a sua função estratégica no século XVIII e entrou em decadência, travada apenas pelo restauro de 1948-50 e pelas mais recentes iniciativas de reconversão museológica.
PAF
Bibliografia
Título
Terras da Moura encantada
Local
-
Data
1999
Autor(es)
TORRES, Cláudio, MACIAS, Santiago, GOMEZ, Susana
Título
Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses
Local
Lisboa
Data
1948
Autor(es)
ALMEIDA, João de
Título
Os mais belos castelos e fortalezas de Portugal
Local
Lisboa
Data
1986
Autor(es)
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Título
Alimentação de origem animal em regime islâmico - Alcaria Longa e Casa II da Alcáçova de Mértola, Arqueologia Medieval, nº4, pp.267-276
Local
Porto
Data
1996
Autor(es)
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Título
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Local
Lisboa
Data
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Autor(es)
TORRES, Cláudio
Título
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Local
Lisboa
Data
1985
Autor(es)
TORRES, Cláudio
Título
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Local
Lisboa
Data
1985
Autor(es)
TORRES, Cláudio
Título
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Local
Lisboa
Data
1986
Autor(es)
TORRES, Cláudio
Título
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Local
Porto
Data
1982
Autor(es)
TORRES, Cláudio
Título
Estudo do armamento islâmico procedente da escavação na encosta do castelo e na alcáçova de Mértola, Arqueologia Medieval, nº6, pp.123-132
Local
Porto
Data
1999
Autor(es)
RAFAEL, Lígia
Título
Estudo de Arqueobotânica no Castelo de Mértola
Local
Lisboa
Data
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Autor(es)
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Título
À descoberta de Mértola. Os caminhos do tempo e da terra
Local
Mértola
Data
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OLIVEIRA, Rosário, REVEZ, Jorge, ABRANCHES, Filipe, TORRES, Nádia, PALMA, Odete, AIVECA, Gabriela
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As casas do Alcaide-Mor de Mértola no início do século XVI, Bracara Augusta, vol. 31, separata
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Título
As Comendas de Mértola e Alcaria Ruiva. As Visitações e os Tombos da Ordem de Santiago (1482-1607)
Local
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Data
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BARROS, Maria de Fátima Rombouts, BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira
Título
IBN Qasi, rei de Mértola e Mahdi luso-muçulmano
Local
Mértola
Data
2003
Autor(es)
BORGES, Artur Goulart de Melo
Título
Mértola
Local
Mértola
Data
1997
Autor(es)
-
Título
Mertole almoravide et almohade
Local
Marrocos
Data
1988
Autor(es)
TORRES, Cláudio
Título
Subsídios para o Património HIstórico e Cultural do concelho de Mértola
Local
Mértola
Data
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Título
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Local
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Data
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Autor(es)
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Título
O legado islâmico em Portugal
Local
Lisboa
Data
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TORRES, Cláudio, MACIAS, Santiago
Título
O Livro das Fortalezas de Duarte Darmas (edição anotada)
Local
Lisboa
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Título
As «arrábidas» de Mértola e Juromenha, Anais da Academia Portuguesa de História, 2ª série, vol. 27
Local
Lisboa
Data
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Autor(es)
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Título
Mértola - vila museu
Local
Mértola
Data
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Autor(es)
TORRES, Cláudio, SILVA, Luís Alves da
Título
Museu de Mértola - I - Núcleo do Castelo (Catálogo)
Local
Mértola
Data
1991
Autor(es)
TORRES, Cláudio
Título
O Castelo de Mértola - estrutura e organização espacial (Sécs. XIII a XVI ) in Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos
Local
Palmela
Data
2000
Autor(es)
BARROS, Maria de Fátima Rombouts, BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira
Título
Castelos de Portugal
Local
Lisboa
Data
1988
Autor(es)
MATTOSO, José
Título
Mértola islâmica - estudo histórico-arqueológico do Bairro da Alcáçova (séculos XII-XIII)
Local
Mértola
Data
1996
Autor(es)
MACIAS, Santiago, GONÇALVES, Iria
Título
O criptopórtico-cisterna da Alcáçova de Mértola, II Congresso de Arqueologia Medieval, pp.618-626
Local
Madrid
Data
1987
Autor(es)
TORRES, Cláudio, OLIVEIRA, José Carlos