
Igreja de São Tiago - detalhe
Designação
Designação
Igreja de São Tiago
Outras Designações / Pesquisas
Igreja de Santiago / Igreja Paroquial de Santiago (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Igreja
Inventário Temático
-
Localização
Divisão Administrativa
Coimbra / Coimbra / Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu); Santo António dos Olivais
Endereço / Local
Praça do Comércio
Coimbra
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia
Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
Decreto de 2-07-1908, DG, n.º 150, de 9-07-1908
ZEP
Portaria de 14-10-1950, publicada no DG, II Série, n.º 6, de 8-01-1960 (sem restrições)
Zona "non aedificandi"
-
Abrangido em ZEP ou ZP
Abrangido por outra classificação
-
Património Mundial
-
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
A cronologia da construção românica da igreja de Santiago de Coimbra é, ainda hoje, objecto de discussão. O templo foi solenemente sagrado em 1206, mas parece certo que as obras se prolongaram para cá dessa data, como realçou Gerhard Graf a propósito dos elementos estilisticamente tardios da rosácea e de alguns capitéis das janelas da fachada principal (GRAF, 1986, vol. 1, pp.191-192). Mais difícil de definir é a data de arranque deste projecto. Depois de Manuel Monteiro ter avançado várias datas, as conclusões de Manuel Luís Real apontam para o terceiro quartel do século XII (REAL, 1974).
Em termos decorativos, a igreja de Santiago constitui um exemplo fiel do Românico coimbrão na sequência da construção da Sé Velha de Coimbra. Aqui encontram-se os mesmos modelos escultóricos e temáticos que caracterizam a maior obra românica da cidade, como os animais afrontados, as aves debicantes, etc. No entanto, a forçada paralisação das obras em finais do século XII (REAL, 1986, 57) determinou a alteração do projecto original e até a substituição dos artistas.
É desta forma que a igreja de Santiago encerra, pelo menos duas fases construtivas distintas (que António Nogueira Gonçalves considerou três, vislumbrando uma campanha mais na cabeceira (GONÇALVES, republ. 1980, p.78)). O portal Sul, com as suas três arquivoltas sem decoração, sublinhadas exteriormente por uma moldura de videira, constitui um bom exemplo das opções do Românico coimbrão de finais do século XII. A composição dos capitéis aprofunda os motivos vegetalistas ensaiados anteriormente na Sé Velha, assim como a decoração dos fustes das colunas, profusamente ornamentados com motivos geométricos e florais.
Diferente é o caso do portal principal, construído em época mais tardia, e composto por quatro arquivoltas. Como acentuou Manuel Luís Real, coexistem nesta parte do edifício verdadeiras obras primas da escultura românica coimbrã e capitéis de muito menor qualidade, fruto certamente de artistas de inferior formação (REAL, 1986, p.57). Por seu lado, Gerhard Graf realçou as ligações estilísticas dos fustes das colunas deste portal com a realização das janelas da Fachada das Platerías da Catedral de Santiago de Compostela (GRAF, 1986, vol. 1, p.190).
Um dos grandes motivos para a indecisão que hoje se sente em relação à cronologia desta igreja, e à originalidade de muitas das suas partes, consiste nos vários acrescentos que foram feitos ao longo dos tempos e no radical processo de restauro a que o templo foi sujeito na primeira metade do século XX.
Do século XV data a capela lateral quadrangular, que ainda se mantém do lado Norte, construída em estilo gótico flamejante, com algumas influências mudejares (DIAS, 2003, p.97). No início do século XVI, aqui instalada a Misericórdia da cidade, procedeu-se à construção de um dos mais insólitos templos portugueses de todos os tempos: uma igreja alta sobre a estrutura românica. Esta campanha decorreu em escassos três anos (de 1546 a 1549) e terá tido como arquitecto responsável João de Ruão, documentado em processos relativos à Misericórdia em 1549 (CORREIA, 1943, republ. 1949, p.57). Alguns séculos mais tarde, em 1861, a Câmara decidiu alargar a via pública a nascente da igreja, subtraindo-se, então, uma parte significativa da sua cabeceira. Finalmente, entre 1908 e 1932, num processo bastante moroso, procedeu-se ao restauro do edifício. As obras foram então conduzidas por António Augusto Gonçalves, fiel a um certo entendimento da "unidade de estilo" que preconizava devolver os imóveis à sua pureza original. O resultado foi a demolição de tudo quanto fosse posterior à Idade Média e a refeitura de alguns materiais complementares, tendo por modelo a muito próxima igreja de São Salvador.
Interiormente, a igreja conserva parte da sua estrutura original em três naves, com falso transepto e cabeceira tripartida, com capela-mor de dois andares de arcaturas cegas.
PAF
Bibliografia
Título
Coimbra - guia para uma visita
Local
Coimbra
Data
2003
Autor(es)
DIAS, Pedro
Título
Portugal roman, vol. I
Local
-
Data
1986
Autor(es)
GRAF, Gerhard N.
Título
La sculpture figurative dans l'art roman du Portugal, Portugal roman, vol. I, pp.33-75
Local
-
Data
1986
Autor(es)
REAL, Manuel Luís
Título
A igreja de São Tiago de Coimbra. Notícias topográficas e históricas, Mvsev, vol.2
Local
-
Data
1943
Autor(es)
CORREIA, Vergílio
Título
Igreja de Santiago. Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº28
Local
-
Data
1942
Autor(es)
-
Título
História da Arte em Portugal - O Românico
Local
Lisboa
Data
2001
Autor(es)
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de
Título
Relíquias da Architectura Romano-Byzantina em Portugal
Local
Lisboa
Data
1870
Autor(es)
SIMÔES, Augusto Filipe
Título
Novas Hipóteses acerca da Arquitectura Românica de Coimbra
Local
Coimbra
Data
1938
Autor(es)
GONCALVES, António Nogueira
Título
Coimbra e Região
Local
Lisboa
Data
1987
Autor(es)
BORGES, Nelson Correia
Título
Inventario Artistico de Portugal - Cidade de Coimbra.
Local
Lisboa
Data
1947
Autor(es)
GONCALVES, António Nogueira, CORREIA, Vergílio
Título
O mundo românico (séculos XI-XIII), História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331
Local
Lisboa
Data
1995
Autor(es)
RODRIGUES, Jorge
Título
Património Edificado com Interesse Cultural - Concelho de Coimbra
Local
Coimbra
Data
2009
Autor(es)
Câmara Municipal de Coimbra - Departamento de Cultura