
Ruínas de Tróia - detalhe
Designação
Designação
Ruínas de Tróia
Outras Designações / Pesquisas
Ruínas romanas de Tróia / Povoado romano de Tróia (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arqueologia / Conjunto
Inventário Temático
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Localização
Divisão Administrativa
Setúbal / Grândola / Carvalhal
Endereço / Local
Península de Tróia
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Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia
Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEP
Declaração de rectificação n.º 1699/2010, DR, 2.ª Série, n.º 164, de 4-08-2010 (corrige a planta anteriormente publicada, sem alterar a delimitação) (ver Declaração)
Portaria n.º 1170/2009, de 5-11-2009 (com ZNA)
Despacho de homologação de 22-09-2009 do Ministro da Cultura
Parecer favorável de 12-11-2008 do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P.
Proposta de alteração de 25-07-2008 da Sonae Turismo
Portaria n.º 40/92, DR, I Série-B, n.º 18, de 22-01-1992
Portaria publicada no DG, II Série, n.º 155, de 02-07-1968
Zona "non aedificandi"
Declaração de rectificação n.º 1699/2010, DR, 2.ª Série, n.º 164, de 24-08-2010 (corrige a planta)
Portaria n.º 1170/2009, de 5-11-2009
Portaria n.º 40/92, DR, I Série-B, n.º 18, de 22-01-1992
DG, II Série, n.º 155, de 02-07-1968
Abrangido em ZEP ou ZP
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Abrangido por outra classificação
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Património Mundial
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Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica
Sítio
O sítio arqueológico de Tróia localiza-se na península com o mesmo nome, numa restinga de areia que separa o estuário do Sado do Oceano Atlântico justificando-se assim esta implantação pela riqueza de recursos marinhos e fluviais existentes. A área integra-se numa paisagem dunar que sofreu profundas alterações ao longo do tempo sendo provável que, durante o período romano, este território possuísse um carácter insular.
As ruínas identificadas, entre as mais relevantes existentes no País, referem-se a um aglomerado urbano-industrial, integrando um grande complexo de produção de preparados de peixe distribuído por diferentes núcleos de oficinas, tendo até ao momento sido referenciadas 25 com os seus tanques (cetárias) num total de 182, bem como as respetivas estruturas hidráulicas associadas. Estas oficinas destinavam-se a produzir diferentes preparados de peixe (destacando-se o célebre garum), produtos estes que depois eram exportados para todo o Império Romano no interior de ânforas especialmente concebidas para o efeito. Uma destas oficinas, a oficina 1, é considerada uma das maiores existentes em todo o mundo.
Perto da oficina 2 foi construído um mausoléu datado dos finais do séc. II, inícios do séc. III d. C com uma planta quase quadrangular de 7,40m por 7,00m. Nas paredes deste edifício é visível o columbarium, conjunto de nichos destinados a albergar as urnas com as cinzas dos defuntos mas, ao nível do solo, surgem já sepulturas de inumação, uma prática introduzida em Tróia no séc. II d. C, reforçando assim o interesse arqueológico deste espaço. Também no exterior do mausoléu, por vezes mesmo sobre tanques de salga, subsistem sepulturas tardias já com uma orientação cristã (cabeça para noroeste) que deverão datar da segunda metade do século V d. C.
Do complexo arqueológico faz ainda parte uma basílica paleocristã dos finais do século IV, inícios do V, correspondendo a um edifício de grandes dimensões (21,7 x 11,5m) construído sobre uma oficina abandonada. Ostenta uma planta retangular com vestígios de 8 bases de colunas e arranques de 3 arcadas que segmentam o espaço interior em naves e cujas paredes da abside, localizada a Oeste, são pintadas a fresco com motivos vegetalistas e geométricos. Um relevo em mármore dedicado ao Deus Mitra descoberto neste espaço, parece indicar que este culto terá precedido o cristão.
O sítio arqueológico de Tróia conserva ainda as estruturas do aglomerado urbano com uma ocupação que se estende desde o século I ao VI d. C, com áreas residenciais destinadas certamente aos trabalhadores e proprietários da fábrica.
Junto à oficina de maiores dimensões subsiste um núcleo termal com as suas diferentes áreas de utilização.
Dentro do conjunto de materiais arqueológicos identificados, destacam-se os recipientes de armazenamento (dolium e ânforas) assim como as cerâmicas finas (terra sigillata).
História
Os vestígios arqueológicos de Tróia são conhecidos pelo menos desde o séc. XVI, tendo a primeira intervenção arqueológica sido realizado no século XVIII pela mão da futura rainha D. Maria I. Nos anos quarenta do século XIX, a investigação do sítio esteve a cargo da Sociedade Arqueológica Lusitana e, nas décadas de quarenta até aos anos 90 do século XX, pelo Museu Nacional de Arqueologia e pelo IPPAR respetivamente. Os trabalhos arqueológicos mais recentes inserem-se num projeto de valorização das ruínas promovido pela empresa Troia Resort, sendo a responsabilidade científica da arqueóloga Inês Vaz Pinto que conta ainda com uma equipa em permanência no terreno.
Maria Ramalho/DGPC/2019.
Imagens
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Ruínas de Tróia - Vista parcial. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Vista parcial. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Vista parcial. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Cetárias. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Cetárias. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Pormenor da pintura na Basílica. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Pormenor de pintura na Basílica. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Interior: pormenor de pintura na BasílicaI. PPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Interior: vista parcial de um dos enterramentos no Mausoléu. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Mó. IPPAR, 2006.
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Ruínas de Tróia - Planta com a ZEP em vigor
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Ruínas de Tróia - Portaria n.º 40/92, DR, I Série-B, n.º 18, de 22-01-1992 - Texto do diploma
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Ruínas de Tróia - Portaria n.º 1170/2009, de 5-11-2009 - Texto e planta do diploma.
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Ruínas de Tróia - Declaração de rectificação n.º 1699/2010, DR, 2.ª Série, n.º 164, de 24-08-2010 (corrige a planta anteriormente publicada, sem alterar a delimitação)
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Espaço de apoio às atividades pedagógicas. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Antiga área habitacional na designada Rua da Princesa. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Vista da parte aquecida das termas e oficina 1. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Vista do Mausoléu ao fundo e sistema de visita do sítio por passadeiras elevadas. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Pormenor das termas - zona da palaestra. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Fachada lateral do Mausoléu. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal).Sepulturas no interior do Mausoléu. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Pormenor do apoio da estrutura de cobertura das oficinas. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Panorâmica das cetárias da oficina 1 e respetivo corredor. Maria Ramalho, 2019.
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DG, II Série, n.º 155, de 02-07-1968. Classificação das Ruínas de Tróia e respetiva planta com o desenho dos limite da Zona de Proteção e Zona Non Aedificandi.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Interior do Mausoléu, pormenor da cobertura de uma sepultura. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal) - Vista geral da área de implantação do sítio arqueológico com a igreja de N. S.ª do Rosário à esquerda e Palácio Sotto Mayor em ruinas à direita. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Parte aquecida das termas (caldarium). Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Necrópole a Norte do Mausoléu. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Pormenor da parte superior do poço e tanque na zona da oficina 1. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Sepulturas no interior do Mausoléu. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Sepulturas no interior do Mausoléu. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Columbarium no interior do Mausoléu. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Pormenor das cetárias da oficina 1. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Pormenor da estratigrafia murária do Mausoléu e sepultura em primeiro plano. Maria Ramalho, 2019.
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Ruínas de Tróia (Setúbal). Vista da entrada do poço na zona da oficina 1. Maria Ramalho, 2019.
Bibliografia
Título
Estudos sobre algumas estações da época luso-romana nos arredores de Setúbal, O Arqueólogo Português
Local
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Data
1924
Autor(es)
COSTA, António Inácio Marques da
Título
Estudos sobre Tróia de Setúbal, O Arqueólogo Português
Local
-
Data
1897
Autor(es)
APOLLINARIO, Maximiano
Título
Possidónio da Silva (1806-1896) e o Elogio da Memória. Um Percurso na Arqueologia de Oitocentos
Local
Lisboa
Data
2003
Autor(es)
MARTINS, Ana Cristina
Título
Possidónio da Silva e a Memória Histórica. Um Percurso na Arqueologia Portuguesa de Oitocentos
Local
Lisboa
Data
1999
Autor(es)
MARTINS, Ana Cristina N.
Título
O problema da destruição da povoação romana de Tróia de Setúbal, Revista de Guimarães
Local
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Data
1966
Autor(es)
SILVA, Carlos Manuel Lindo Tavares da, CABRITA, Mateus Goncalves
Título
Portugal Romano
Local
Lisboa
Data
1988
Autor(es)
ALARCÃO, Jorge Manuel N. L.
Título
Arte paleo-cristã da época das invasões, História da Arte
Local
-
Data
1986
Autor(es)
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de
Título
Estação Romana de Tróia
Local
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Data
1980
Autor(es)
SOARES, Maria Joaquina Coelho
Título
Frescos da Capela Visigótica de Tróia, Setúbal, Actas do 2.º Congresso Nacional de Arqueologia
Local
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Data
1971
Autor(es)
MATOS, José Luís Martins de, ALMEIDA, Fernando de