
Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, incluindo as 2 pedras tumulares, datadas dos sécs. XVI e XVII, que se encontram na sua nave - detalhe
Designação
Designação
Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, incluindo as 2 pedras tumulares, datadas dos sécs. XVI e XVII, que se encontram na sua nave
Outras Designações / Pesquisas
Igreja Paroquial de Mouçós / Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Igreja
Inventário Temático
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Localization
Divisão Administrativa
Vila Real / Vila Real / Mouçós e Lamares
Endereço / Local
-- -
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Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia
Decreto n.º 8/83, DR, I Série, n.º 19, de 24-01-1983 (ver Decreto)
ZEP
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Zona "non aedificandi"
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Abrangido em ZEP ou ZP
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Abrangido por outra classificação
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World Heritage
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General Description
Nota Histórico-Artistica
A pequena capela de Nossa Senhora da Guadalupe é um dos templos que melhor reflecte o que foi o Gótico vila-realense do século XV. A sua construção ficou a dever-se ao Abade de Mouçós, o Protonotário Apostólico de Vila Real D. Pedro de Castro, também Abade de Freamunde. Artisticamente, é um edifício que se relaciona com a rudeza e singeleza da igreja de São Domingos de Vila Real, que lhe serviu de modelo em muitos aspectos.
Com efeito, somos tentados a catalogar esta igreja como um produto tardio românico, quando a sua cronologia não deixa dúvidas sobre o tempo tardo-gótico em que o país vivia, em plena renovação artística proporcionada pela construção do Mosteiro da Batalha. A proporção dos elementos que a constituem (nave única mais elevada e capela-mor rectangular rebaixada), a extrema massificação das paredes (com focos de luz ainda constituídos por estreitas frestas) ou a quase inexistência de elementos decorativos (circunscritos ao portal principal, ao óculo da fachada principal, ou aos modilhões que suportam a linha de telhado), são características típicas de um Românico tardio, de resistência, que se prolongou nas zonas periféricas do Norte e Centro do País, muito para além da substituição deste estilo pelo Gótico, nas principais cidades e vilas do reino. Pelo contrário, o portal principal e o arco triunfal, lançados em ogiva, são elementos que denunciam o tempo gótico, mas aparecem aqui tratados como se pertencessem a um Gótico incipiente e experimentalista, mais próprio do século XIII do que do primeiro século da dinastia de Avis.
Por tudo isto, a pequena capela de Nossa Senhora da Guadalupe é um dos principais exemplos do foco construtivo religioso, edificado em torno de Vila Real, na centúria de Quatrocentos. Com a igreja de São Domingos, daquela cidade, e com outros testemunhos dispersos pela região, este templo é um dos mais eloquentes produtos dos caminhos artísticos traçados nesta parcela do País, no século final da Idade Média.
Nas primeiras décadas do século XVI a capela foi artisticamente enriquecida. De 1529 é o painel de pintura mural que forra a parede fundeira da capela-mor, descoberto em 1996 por trás de um frontal de madeira posterior. Apesar de bastante danificado, é um dos mais interessantes conjuntos fresquistas da região, representando a Árvore de Jessé e ostentando o ano da sua fábrica, bem como uma enigmática inscrição - AM . DRA - possivelmente alusiva ao seu autor.
Também corresponderá a esta altura uma provável solução de tecto em madeira, de tipo mudéjar, hipótese colocada por alguns autores com base nos suportes de madeira que ainda se podem observar na capela-mor e que não foram aproveitados aquando do restauro do edifício.
Ainda no interior, destacam-se duas pedras tumulares, dos séculos XVI e XVII, que correspondem aos enterramentos de Álvaro Lopes e de Senha de Martin Vaz Sampaio, homens de relativo peso no contexto regional da época moderna.
Em 1988, o telhado da sacristia ruiu. As obras de restauro, efectuadas em 1992 e 1996, pretenderam ser um projecto de intervenção integral, reforçando-se a estrutura, consolidando-se os aspectos decorativos e restaurando-se a pintura mural e o frontal de altar. Mais recentemente, já em 2001, nova intervenção nas pinturas assegurou um relativo ponto de equilíbrio destas obras, ao mesmo tempo que se assegurou a permanência, em condições devocionais dignas, da romaria que se organiza, todos os segundos domingos de Maio, ao adro da igreja, em torno do cruzeiro quatrocentista que aqui ainda se conserva.
PAF
Images
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Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada principal: vista geral
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Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada principal: portal
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Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada lateral sul: porta travessa
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Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada lateral norte: corpo da capela-mor e da sacristia
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Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada posterior: pedra de armas episcopais na parede nascente da capela-mor
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Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada lateral sul: modilhão (cachorro) representando uma figura feminina
Bibliografia
Título
Monumentos e esculturas - séculos III-XVI
Local
Lisboa
Data
1924
Autor(es)
CORREIA, Vergílio
Título
Portugal roman, vol. II
Local
-
Data
1986
Autor(es)
GRAF, Gerhard N.
Título
Tesouros Artísticos de Portugal
Local
Lisboa
Data
1976
Autor(es)
ALMEIDA, José António Ferreira de
Título
Memórias de Vila Real
Local
Vila Real
Data
1987
Autor(es)
GONÇALVES, Silva, SOUSA, Fernando de
Título
Vila Real de Trás-os-Montes
Local
Porto
Data
1970
Autor(es)
AZEVEDO, José Correia de
Título
Roteiro arqueológico e artístico do Concelho de Vila Real, Juventude com História
Local
Vila Real
Data
1999
Autor(es)
PARENTE, João Ribeiro
Título
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Distrito de Vila Real
Local
Lisboa
Data
1993
Autor(es)
-