
Cruzeiros (2) dos Campos das Hortas e de Sant' Ana - detalhe
Designação
Designação
Cruzeiros (2) dos Campos das Hortas e de Sant' Ana
Outras Designações / Pesquisas
Cruzeiro do Campo das Hortas e Cruzeiro do Campo de Sant Ana / Cruzeiro de Santana (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt) / Cruzeiro do Campo das Hortas (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / Tipologia
Arquitectura Religiosa / Cruzeiro
Inventário Temático
-
Localization
Divisão Administrativa
Braga / Braga / Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto)
Endereço / Local
Largo da Senhora-a-Branca
Braga
Campo das Carvalheiras
Braga
Proteção
Situação Actual
Classificado
Categoria de Protecção
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia
Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEP
-
Zona "non aedificandi"
-
Abrangido em ZEP ou ZP
Abrangido por outra classificação
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World Heritage
-
General Description
Nota Histórico-Artistica
Os cruzeiros de Santa Ana e do Campo das Hortas, em Braga, tiveram classificação conjunta, sendo ambos monumentos nacionais. Apesar de não se encontrarem juntos, nem serem exactamente contemporâneos, possuem configurações quase idênticas, pelo que não resulta estranha a sua descrição conjunta.
O primeiro, hoje situado no Largo da Senhora-a-Branca, terá sido originalmente erguido na zona do antigo Campo de Santana (actual Avenida Central de Braga), junto à Torre de Menagem da cidade, onde aparece representado num Mappa das Ruas de Braga de 1750. Por via desta localização original, da qual aliás lhe advém a designação corrente, este cruzeiro tem sido identificado com aquele que o Arcebispo D. Diogo de Sousa refere, na relação das obras que mandou fazer em Braga, como "uma cruz no dito Rossio de Santana com seus degraus e a haste de pedra de Viana". De facto, D. Diogo de Sousa quis enriquecer a sua cidade com muitas obras, e rasgou, entre outros, o próprio largo de Santana, onde mandou colocar uma autêntica colecção arqueológica composta por marcos miliários provenientes das vias romanas de Braga. Embora à primeira vista não pareça provável que este cruzeiro em particular lhe possa ser atribuído, visto que o arcebispo morre em 1532, enquanto o monumento exibe uma feição clássica aparentemente mais tardia, a verdade é que D. Diogo surge como um verdadeiro humanista, homem de grande cultura e aggiornamento, sonhando para Braga a grandeza de uma Roma em menor escala; é assim plausível imaginar a encomenda de um cruzeiro tão moderno quanto este, com claras alusões imperiais (romanas).
Sobre um soco de sete degraus quadrangulares assenta um paralelepípedo ao alto, com quatro faces molduradas com festões e tachas planificadas, reproduzindo o trabalho de placas de metal, e enquadrando almofadas prismáticas interrompidas. Sobre o tabuleiro quadrado que encima o pedestal eleva-se a base do fuste, coluna de secção circular monolítica, mas com decoração distinta no terço inferior, ornado de pontas de diamante, e nos terços superiores, com caneluras. O capitel é um exemplo quase puro da aplicação da ordem coríntia, de acordo com a sua utilização renascentista mais erudita. A rematar o conjunto, e sobre um pequeno acrotério, uma esfera serve de base a uma severa cruz cardinalícia (com dois braços horizontais, mais curto o superior), de secção quadrada, rematada por cinco pontas de diamante. O cruzeiro foi retirado do Campo de Santana, e levado para a sua presente localização, em 1915.
Tal como foi referido anteriormente, a semelhança entre o Cruzeiro de Santana e o do Campo das Hortas é surpreendente. Este último foi igualmente deslocado, uma vez que o mesmo mapa setecentista que indicava a posição do exemplar de Santana junto à Torre de Menagem mostra-o nas proximidades da Porta Nova, na verdade não muito longe da sua implantação actual (no Campo das Carvalheiras). As únicas diferenças entre ambos encontram-se no pedestal, cujas faces exibem molduras com motivos vegetalistas, e na decoração do primeiro terço do fuste, com motivos geométricos estrelados, neste caso praticamente iguais aos do Cruzeiro de Tibães, erguido diante do mosteiro com o mesmo nome.
Este três monumentos são aliás em tudo semelhantes, e não é menor importância para a sua apreciação o facto de respeitarem de forma exemplar, denotando a erudição da sua encomenda e elaboração, as proporções clássicas e a decoração preconizada em obras como os tratados e desenhos de Serlio ou de Vredeman de Vries. Sendo os tratados de ambos posteriores à morte de D. Diogo de Sousa, este deve ser naturalmente um factor a considerar na datação do Cruzeiro de Santana, apesar de as regras arquitectónicas que ambos desenvolveram fossem já seguidas, embora de forma menos sistemática, antes da publicação das respectivas obras. SML
Images
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Cruzeiros (2) dos Campos das Hortas e de Sant' Ana - Vista geral do Cruzeiro do Campo das Hortas, hoje sito no Campo das Carvalheiras
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Cruzeiros (2) dos Campos das Hortas e de Sant' Ana - Vista geral do Cruzeiro do Campo das Hortas, hoje sito no Campo das Carvalheiras
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Cruzeiros (2) dos Campos das Hortas e de Sant' Ana - Vista geral do Cruzeiro do Campo das Hortas, hoje sito no Campo das Carvalheiras
Bibliografia
Título
Mappa das Ruas de Braga
Local
Braga
Data
1991
Autor(es)
Arquivo Distrital de Braga